Olá!

Participando do Desafio 12 Meses Literários de 2018, o escolhido do mês é um livro nacional. E como gosto de romances policiais e devia uma resenha à Oasys Cultural, de quem recebi esse exemplar, 2.990 Graus foi uma boa leitura.
SKOOB - 2.990 graus conta a história do delegado Hermano, conhecido na delegacia pela alcunha de Poeta, obviamente, por gostar de poesia. Ele é jovem e inexperiente, mas se orgulha de jamais ter usado sua arma. Apesar da falta de experiência, ele recebe a incumbência de investigar o assassinato de um deputado. Um crime cometido com requintes de crueldade. 

O deputado foi morto tendo um maçarico enfiado em seu ânus, queimando tudo por dentro. Literalmente, seus órgãos viraram churrasco. Foi morto, mas não sem antes ser torturado. Por ser um político morto, é claro que a população ficaria do lado... De quem o matou. Mas, antes mesmo das investigações começarem, outro morto: também deputado, morto do mesmo modo.

Hermano e sua equipe, formada por Jaqueline (que também é sua amante), Tomás, Fábio, Percival e o delegado chefe Belchior, vão investigando até darem de cara com um certo pastor. Esse pastor tem uma longa ficha criminal, mas encontrou Jesus e agora ministra na igreja da Chama Divina – um nome bem sugestivo, não?
Além das investigações, a vida pessoal do protagonista não é das melhores: Alice, sua namorada, faz aulas de pintura. Com o ex-namorado. Ele até gosta de vê-la fazendo as aulas, mas sente uma pontada de ciúme, claro.

Cada vez mais políticos vão ser assassinados, e com eles, longas fichas criminais. Todos eles desviaram dinheiro de obras públicas para enriquecimento próprio, é claro. Um deles desviou dinheiro da tragédia de Petrópolis, em 2011, para colocar em outra ação pública. Pior do que isso foi que a população começou a apoiar quem matava os políticos, ganhando a alcunha de “Vingadores do Povo”. 

O que mais me surpreendeu – positivamente – na obra foi a proximidade dos fatos com a realidade. Apesar da história se passar no Rio de Janeiro, os políticos ladrões estão em todo o país. Corrupção, crimes, redes sociais fervilhando de ódio... Tudo isso está no livro, o que faz com que a história de Hermano torne-se tão palpável. Não precisamos ir até os Estados Unidos ou a Suécia, temos nossos próprios crimes e nossos próprios policiais. Só depende de nós definir em qual lado está.

Mas admito que não gostei tanto do Hermano. É um excelente policial, apesar de sua falta de experiência. É inteligente, gosta de ler e tem um bom raciocínio, mas não é o tipo de personagem que você torce por ele. Achei ele um tanto hipócrita, por ele ter uma amante e sentir ciúme da namorada porque ela tem aulas com o ex – que a traiu enquanto namoravam. Nesse ponto, não deu pra concordar com ele.

O autor tem longa carreira na TV, principalmente como roteirista. É o primeiro livro dele que leio e gostei bastante, ainda mais por ser tão atual e retratar a situação do nosso país. Espero que ele continue na jornada literária, lançando mais romances policiais, não necessariamente com o Hermano como protagonista.

"– Eu também, delegado. Felizes os que têm muitas vaidades. A maior riqueza é ter do que se envaidecer."

Compre aqui seu exemplar de 2.990 Graus.

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Olá!

O projeto Mulheres em Cena, das irmãs Nara Tosta e Lara Braga, nasceu, segundo elas mesmas, "da expressão artística das irmãs Lara Braga, poeta e compositora e Nara Tosta, escritora e contadora de história" (fonte: Site Oficial). O primeiro livro que li, Maria Isabel e Soraia, a priori, me pareceu ser um romance LGBT, por causa do título, mas ao me deparar com as histórias, são textos de mulheres reais, gente como a gente - e não, não tem nada de LGBT na obra.
SKOOB - Pelo que percebi, podemos separar o livro em duas partes: a da Maria Isabel e a da Soraia. Elas não se conhecem, em comum, apenas o fato de morarem na Tijuca (Rio de Janeiro) e que têm grandes dilemas a resolver. Primeiro vamos conhecer Maria Isabel, empresária e dona de casa, que faz de tudo para manter sua família unida, porém se sente infeliz porque não se sente completa como mulher. Seu marido, Luiz Henrique, não lhe dá atenção, a chama do amor está apagada.

Nesse meio tempo que Bel tenta (sozinha) salvar o casamento, ela conhece alguns homens, com quem tem momentos incríveis, que jamais teve com seu marido. Esses momentos com tais homens também a fazem lembrar de sua mãe, já falecida, de quem se afastou para poder ficar com o marido. Ela também se preocupa com o filho Vinícius, que está crescendo e cada vez menos precisa dela. As máscaras vão cair quando Bel deseja abrir um novo negócio e Luiz Henrique mostra sua verdadeira face.

A outra história vai nos apresentar Soraia, divorciada, mãe de dois filhos e uma empresária de sucesso. Uma mulher com passado difícil, que virá à tona quando sua irmã Valesca (que vive sob um casamento abusivo) lhe informa que Gustavo, o grande amor de Soraia, faleceu. Com a morte de Gustavo, Soraia cairá num abismo vertiginoso, que lhe trará muitas lembranças.

O relacionamento de Gustavo e Soraia não deu certo por vários motivos, desencadeado pela diferença de idade: quando se conheceram, Soraia era uma jovem de apenas 16 anos, enquanto Gustavo era vinte anos mais velho. Com isso, a mãe de Soraia, uma mulher intransigente, obrigou a jovem a casar-se com Edson, que lhe agredia e maltratava. Dessa união, nasceu Fábio. Depois, ela adotou Flávio, filho de uma alcoólatra.

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Muitos segredos e sensações permeiam esse livro. Elas são Maria Isabel e Soraia, mas podem ser qualquer uma de nós. Quantas vezes não vimos mulheres sofrendo com companheiros abusivos ou ausentes, alcoolismo, agressões, submissão... enfim, são histórias que, diferente de muitos romances, realmente podem acontecer com qualquer uma de nós.

O que mais gostei desse livro, além da narrativa da autora, simples e sucinta, é que as páginas do livro são cor-de-rosa! Eu nunca tive um livro com páginas diferentes de amarelo ou branco, no máximo tenho livros com laterais verdes e pretas (cada um é de uma cor, quero dizer). A edição da Bambual (não a conhecia) está caprichada e impecável.

No momento, são dois livros, mas espero que o projeto cresça mais ainda e tanto a Nara como a irmã produzam muito mais conteúdo, todos precisam conhecer o "Mulheres em Cena"! E aproveito para agradecer novamente à Oasys Cultural pela confiança em nossa parceria e também pela sugestão de leitura, foi maravilhoso!

Você pode adquirir o seu no site oficial do projeto Mulheres em Cena.


Olá!

Depois de algum tempo, volto com mais um recebido em parceria com a Oasys Cultural. O Lado Escuro da Madrugada, romance policial escrito pelo brasileiro Roberto Giacundino, apesar de suas poucas páginas, nos levam por uma eletrizante história que passeia pelo submundo do neonazismo.
SKOOB - O Lado Escuro da Madrugada nos apresenta Sandra Garcia, uma jornalista investigativa que está prestes a ser reconhecida por sua carreira, que, aliás, foi um tanto meteórica. Ela e vários outros profissionais de comunicação estão no Teatro Municipal para receber um certo prêmio. Entre os presentes estão os irmãos Evandro e Simão Jordel. Eles são publicitários e receberão um dos prêmios por sua peça publicitária, um comercial que denuncia o preconceito - lembrando que os irmãos são negros e vieram da periferia, e esse detalhe é crucial para o andamento da trama.

Porém, durante a festa, Evandro Jordel é assassinado. Ele e Sandra eram próximos, por isso a jornalista ficou abalada, mas, uma certa abotoadura encontrada por ela a faz querer mergulhar de cabeça nessa história. Isso porque a abotoadura tem uma suástica desenhada. Isso mesmo, nesse Brasil de nós todos, miscigenado até o olho do brioco, tem gente fã do Hitler.

Sandra trabalha na TVG, a maior emissora do país. Ela é conhecida por suas matérias tensas, onde não foge da raia, investiga até o fim. Durante os primeiros dias de investigação, chega um certo Fabio Guedes à redação. Ele já trabalhava na TVG, mas na parte destinada às novelas, como diretor de externas. Ele será um parceiro e tanto para nossa protagonista. Sua linha de pensamento é parecida com a dela, que enveredou pela linha do neonazismo (nazista brasileiro é uma piada pronta).

Enquanto ela investiga, certos fantasmas do passado voltam a atormentar a jornalista. Sandra também tem sua história pra contar. Uma história vencedora, mas com uma mácula. E é essa mácula não a deixa dormir. Porém, seu foco é encontrar o assassino de Evandro, e, para isso, ela vai contar com a ajuda do já citado Fabio, de um certo hacker e de Simão, o irmão que ficou. Uma história que tem vários plot twists, um romance policial brasileiro que não perde em nada para os de fora (até mesmo os meus queridos escandinavos).

Quando eu recebi o exemplar de O Lado Escuro da Madrugada, através da parceria do blog com a Oasys Cultural, admito que estranhei o tamanho do livro. Um romance policial com 270 páginas? Pra mim, que estou acostumada com os scandi-crimes, que tem, no mínimo 400 páginas (tenho aqui em casa livros de cinco suecos: Stieg Larsson, Camilla Läckberg, o casal Börjlind e Henning Mankell, e tirando a dupla Sjowäll-Wahlöö  - que, como precursores do gênero como conhecemos, escrevia pouco pensando naquelas edições de bolso, voltadas pro povão mesmo -, essa galera que citei escreve uns livros bem grandes) ver um romance com tão poucas páginas é algo um tanto inédito, mas isso não influencia em absolutamente nada na qualidade do texto.

Sandra Garcia (não tem nada a ver, mas o nome me fez lembrar de Sandra Gomide, jornalista assassinada em 2000 pelo ex-namorado) tem uma carreira que muitos jornalistas sonham: ascensão rápida, reconhecimento, muitas matérias importantes no currículo... tudo isso depois de viver uma juventude pesada numa cidade interiorana. A morte do amigo Evandro a faz suscitar muitas dúvidas, mas seu faro espetacular sabia que tinha algo errado.
O pior é que eu acertei o assassino logo nas primeiras páginas, mas duvidei de mim mesma (e só percebi isso enquanto escrevia essa resenha) e descartei minha suspeita - definitivamente, eu seria uma péssima protagonista de romance policial - mas, se você ler e passar pela mesma situação que eu, também vai fazer a mesma coisa.

Fabio Guedes, que homem! Vai aparecer ainda no início, mas vai se mostrar um parceiro e tanto para Sandra. Não deveria, porque quando leio romance policial, quero ver sangue derramado e investigações, não romance propriamente dito, mas shippo esses dois. Além de ser lindo e maravilhoso e super competente, está sempre preocupado com a Sandra, sempre pensando no bem dela, sem ser perseguidor ou chato.

O outro integrante do trio é o hacker HD Darth Verde. Um nerd de óculos fundo de garrafa, de camisa verde surrada e dificuldade de locomoção. Isso mesmo, uma jornalista se alia a um hacker para desvendar um crime de ódio - onde vocês viram isso? Alguém pensou em Millennium? (postei e saí correndo). Ele é funcionário da TVG e manja de Deep Web, aquela parte da internet que é obscura, onde pedófilos, neonazistas e a escória da humanidade se une pra fazer o que fazem de melhor: nada que se aproveite. HD será essencial na busca de Sandra pelos detalhes do grupo neonazista que estaria por trás do assassinato de Evandro.

Uma coisa que preciso dizer: nunca me senti tão identificada num livro. A história se passa em São Paulo, mas não na SP dos endereços lugar-comum, tipo Avenida Paulista, mesmo a Sandra morando próximo da Paulista, e sim pela Igreja de Santa Efigênia, Vale do Anhangabaú, Praça do Patriarca e endereços que o povão conhece - e me identifiquei porque passo por alguns deles (Anhangabaú, principalmente) todo santo dia, pois fazem parte do meu itinerário. E isso foi tão legal, tipo, visualizar a protagonista passando pelo Anhangabaú (o que é perigoso, por sinal) procurando sabe-se lá o quê. Por isso que é importante escrever histórias que se passem aqui no nosso país - mesmo tendo personagens gringos, tipo o meu filhote Segunda Chance...

Por incrível que pareça, a edição da Pandorga está boa. Em relação a outros livros da mesma editora que li, eles melhoraram bastante no quesito revisão. Eu peguei uns que a qualidade de revisão era horrível, neste, apesar de um ou outro erro, o trabalho ficou bom. A capa, em que uma moça corajosa sai correndo no meio da noite, tem total sentido à trama, uma capa muito bonita.

O Lado Escuro da Madrugada é mais um exemplo de como a literatura policial brasileira tem ótimos representantes, mas que não é tão vista assim pelo público. Foi uma grata leitura e espero que o autor continue escrevendo nesse gênero e, o mais importante, crie novas histórias com Sandra Garcia!



Olá!

Na retomada da parceria do blog com a Oasys Cultural, recebi um lindo exemplar de No Reino das Girafas, que, apesar de suas poucas páginas, tem uma grande lição. Foi escrito pela Jacqueline Farid e publicado pela editora Jaguatirica.
SKOOB - No Reino das Girafas conta a história de uma mulher - cujo nome não é informado em nenhum momento da obra - que, em viagem pela Namíbia, além de estar numa busca por si mesma e conhecer o país, também procura um jeito de terminar seu relacionamento, que está tão estável e rotineiro que perdeu todo o brilho de outrora. O namorado está em seu país de origem (que também não nos é informado).

Passeando por diversos pontos turísticos do país, nossa narradora vai imaginando situações e relembrando momentos de sua vida. E a viagem tem seus pontos perigosos, agravados pelo fato de que é uma mulher que está viajando sozinha, de carro, por um país desconhecido, numa região que não é vista com bons olhos pelo resto do mundo - num mundo machista, isso pode ser fatal, infelizmente. Mas nem só de perigo vive a narradora. Ela também desfruta lindos passeios por aldeias e savanas, encontrando todo tipo de animal, incluindo as girafas que dão nome ao livro.

Junto com seus instrumentos de praxe, a narradora leva um caderno de capa vermelha, em que, de acordo com o que acontece na viagem, ela pensa numa frase que se encaixa naquele contexto e escreve nesse caderno. As frases aparecem constantemente durante a leitura, uma mais linda que a outra.
A única verdade absoluta que o leitor sabe é que Jacqueline Farid viajou para a Namíbia três vezes, em 2009, 2010 e 2011, sempre no mês de agosto. Será que a autora estava inspirada durante essas viagens? Será que os fatos retratados no livro realmente aconteceram com ela? Será que ela realmente se separou do namorado?

Apesar de serem perguntas interessantes, todas elas ficam em segundo plano quando lemos o livro, que tem uma delicadeza única. Não sei em que ela se inspirou para escrevê-lo - além do país, claro - mas essa jornada de autodescoberta por parte da narradora nos faz refletir sobre nós mesmos e o que fazemos de nossa vida. Mesmo só tendo 108 páginas, cada linha, cada palavra tem sua importância na história. Só me irritei no finalzinho, quando eu tô quase feliz, aí a situação acontece e eu me pergunto: por quê?? Você conseguiu, não reclama, mulher!!

O trabalho de edição/revisão/capa da Jaguatirica segue um pequeno padrão da editora, mas essa capa com tons de terracota (parece nome de batom) e amarelo, com as girafinhas correndo está tão linda!!! Não encontrei nenhum erro e a leitura flui muito rápido, não só pela quantidade de folhas, mas também pela escrita simples da autora. Leitura recomendada.

Morrer é engolir o grito.



Olá!

Mais um nacional aqui no blog!! O resenhado de hoje é um livro com poemas super delicados. Eu recebi em parceria com a Oasys Cultural. "Um Dia o Amor Vai Encontrar Você" é uma coletânea de poemas escritos por Luiza Mussnich, tão jovem como eu, mas que tem muito mais coisas a dizer. Ela é dona do blog Palavras em Voo Livre, onde o leitor encontra mais pensamentos dessa jornalista poetisa (ou poetisa jornalista?).

Basicamente, é um livro com poemas curtos feitos pela própria Luiza, onde ela fala sobre seus amores, suas paixões, suas dores, suas perdas. É um compilado de seus melhores textos, sempre acompanhados com imagens que completam os textos, formando uma harmoniosa mensagem. 

Eu recebi em parceria com a Oasys Cultural, e qual a alegria ao ver tanto amor transbordando em um livro tão pequeno? O tamanho dele é até diferente em relação aos demais da minha estante: curto, porém esticado. Sem problemas, tamanho não é documento, hahahaha!

O trabalho da ID Cultural está incrível, capa dura e fotos muito bonitas. O único porém é que costuraram tão bem o livro que mal dá pra abrir com cuidado. Se coloca alguma força pra abrir, amassa o livro, mas tirando isso, o trabalho da editora está muito bom!
Termino essa curta resenha - porque o livro é curto, tem só 109 páginas, com um texto maravilhoso, "Era Natal", cuja foto acima ilustra este post. Espero que gostem e leiam, porque é muito lindo e tocante esse livro, com certeza você se identificará com algum texto!

Era Natal
Eu contava os dias para ele chegar. Brilhante, o Natal sempre teve cheiro de canela e clima de final de Copa.  E pra mim, ele era arrumar a árvore lambendo colher de brigadeiro enquanto via o “Natal do Zé Colmeia”. Não jogar mais futebol na sala porque o “gol” – a vidraça da varanda – tinha sido tampada. Escrever cartas melosas para o Papai Noel, em que os maiores desejos eram um campo de futebol de botão e fitas de Nintendo 64. Natal de sol, praia e férias de verão. Ele era as tábuas corridas que levavam aos embrulhos debaixo do pinheiro enfeitado. Natal era abrir os presentes na véspera da véspera com a mamãe, em segredo. Era a rabanada da Leila e a tarde de comer os biscoitos de limão que minha irmã gostava de fazer. Natal com beijo de boa noite nos meus pais, indo dormir com o cachorro de pelúcia novo. Natal era se encantar com o pisca pisca da árvore gigante que flutuava na porta de casa. Até que Natal virou “Natal com a mãe” e “Natal com o pai”. Não gostar mais de ganhar carrinho. Passar a ceia trocando mensagens de texto, depois BBMs, depois WhatsApps. Ir dormir contrariado porque não me deixaram ir à boate com identidade falsa. Natal virou não estar mais de férias. Ter que migrar de casa em casa e não encontrar táxi. Mise en scene familiar. Se estressar com os shoppings lotados e os presentes dos amigos ocultos. Não ganhar mais presente da avó. Ter uma porção de agregados na ceia – e nem ter mais comida de ceia. O Natal desvirou Natal.



Olá!

Trago para vocês uma resenha de livro que recebi em parceria que, infelizmente, não atingiu minhas expectativas. Onde Está meu Coração?, de Geny Vilas-Novas, publicado pela 7Letras, é aquele tipo de livro que dificilmente atrairá o jovem, porque tem uma linguagem muito bonita, porém muito rebuscada. O leitor que não está acostumado com esse tipo de linguagem, com certeza vai abandonar a leitura rápido. Eu recebi em parceria com a Oasys Cultural.
Pois bem, sendo sincera, não entendi muita coisa da história. Logo de cara, percebi que se tratava de uma continuação. Na verdade, está escrito na orelha do livro que este livro é uma continuação de Flores de Vidro, publicado pela mesma editora no ano passado. Então, fiquei muito perdida ao constatar que os personagens não têm nome: são eles a Mãe, o Pai, a Filha de Olhos Cor de Esmeralda e o Genro de Olhos Cor de Ônix (que foram morar nos EUA) e o Filho e a Nora de Olhos Oblíquos (que moram no Japão).

Então acabei dando uma pausa na leitura. Em posterior conversa com o José, da Oasys, ele me explicou que os livros são independentes. Como ele me pediu um feedback, fiz questão de retomar a leitura. E ainda assim me senti perdida. A história propriamente dita mostra que a Mãe está doente, se sentindo como o boneco de lata d'O Mágico de Oz - lembrando que entendi pouco da história, então pode ser que eu passe alguma informação enganada.

A Mãe está muito preocupada com seus filhos, pois eles vivem fora do país. Ela até vai visitá-los, mas ela está mesmo é preocupada com seu coração, que o cardiologista não sabe onde está. Uma coisa que não pude deixar de notar - e com certeza estou certa - é que esse livro está contando algumas memórias íntimas da autora.

Cada capítulo do livro começa com frases como essas.
Por exemplo: a Mãe nasceu no interior de Minas Gerais (mesmo local da autora); a Mãe conversa com uma amiga, e essa amiga pergunta se é verdade que a Mãe está escrevendo um livro sobre os Vilas-Novas (sobrenome da autora). Sem contar que o livro registra fatos bem recentes, como as manifestações contra o aumento da passagem de ônibus (Vem pra rua, vem!) e o caso daquela mulher no Rio de Janeiro, que foi atingida por um tiro e os policiais a jogaram no porta-malas da viatura, o mesmo abriu e ela acabou sendo arrastada.

Enfim, mesmo as histórias sendo independentes, eu senti falta do volume anterior. Com certeza, ele explica bem melhor as relações da Mãe com seus filhos. Quando eu comecei a ler, me senti caindo de paraquedas na história. Quanto à parte de revisão/edição, o livro está muito bem escrito, só encontrei uma palavra escrita errada. A leitura não foi satisfatória para mim, que não estou acostumada a livros muito rebuscados, muito cultos. Mas para sair da zona de conforto, a leitura é ótima!