Olá!

Para o décimo tópico do Desafio 12 Meses Literários, o escolhido deveria ser "um livro infantil". No início deste ano, a Autêntica (re)lançou mais uma série de livros clássicos: depois de Pollyanna (falei aqui e aqui) e uma coletânea com contos de Grimm, Perrault e Andersen, chegou a vez de contar a história da garotinha mais popular da Suíça. Vem conhecer a história de Heidi, a menina dos Alpes.
SKOOB - Com o subtítulo de "Tempo de Viajar e Aprender", antes de ser a Menina dos Alpes, Heidi, uma garotinha de cinco anos, morava com sua tia no vilarejo de Maienfeld, mas como esta arrumou um emprego bacana em Frankfurt (Alemanha) e não podia levar a menina, resolveu deixá-la com o avô da pequena, que morava isolado nas montanhas. Mas o avô de Heidi não tinha a melhor fama.

O "Tio dos Alpes" era conhecido por ser um velho mal-educado, vivia sozinho, isolado e amargurado, levantando as mais diversas suspeitas na aldeia que ficava próxima às montanhas - os famosos Alpes suíços. Então, quando Dete - a tia - resolveu deixar a menina lá, alguns populares ficaram revoltados, porque, quem garantia que a menina ia ser bem cuidada?

Mas qual a surpresa quando, assim que Dete deixa a pequena lá, o Tio dos Alpes começa a cuidar dela com amor e carinho, mostrando que o velho não era nem um pouco mau, pelo contrário, era um homem amargurado, com uma grande tristeza em seu coração, que até mesmo o afastou de Deus. O tempo passou e Heidi passou a ser parte indissociável daquela montanha, ela amava tudo aquilo, até mesmo seus vizinhos, como o Pedro das Cabras, sua mãe Brigitte e a avó, que é cega mas passa seus dias fiando.

Só que, como tudo o que é bom não dura, tia Dete, com a cara mais deslavada do mundo, volta para buscar a menina. Isso porque Dete conseguiu que uma certa família Sesemann, de Frankfurt, acolhesse uma menina para fazer companhia para a filha do senhor Sesemann, uma garotinha paraplégica. Heidi então é levada de seu lar rumo à Alemanha.

Na casa dos Sesemann, Heidi aprende a ler, cria uma forte amizade com Clarinha, a menina paraplégica, mas também passa uns perrengues com a senhora Rottenmeier, que por ser uma religiosa fervorosa, sequer a chama de Heidi - e sim de Adelaide, um nome cristão. É é nessa passagem por Frankfurt que Heidi vai aprender muitas coisas, não só as letras, mas também o que é a fé e o que é família e amor.

Esse é o tipo de livro que me faz querer ter filhos. Mas depois a vontade passa, não se preocupem. Assim como Pollyanna, a inocência de Heidi nos faz acreditar que é possível um mundo melhor, com gente bacana e sem nenhuma maldade. Infelizmente nunca será assim, mas me consola saber que ainda teremos crianças neste mundo, que nos encherão de esperança.
Os Alpes Suiços hoje. Realmente encantador.
Essa nova edição, da Autêntica, traz a versão integral, sem adaptações e com ilustrações de Jessie Willcox Smith (1863-1935), como essa usada no post. A editora também alerta para possíveis questionamentos que venham a intrigar o leitor de 2017: como foi escrito em 1880, o mundo era bem diferente, as religiões em voga eram outras, os costumes eram outros, tudo era bem diferente... a começar pelo café da manhã de Heidi assim que ela acorda pela primeira vez nos Alpes: leite de cabra com queijo e carne??

Vale ressaltar também que Johanna Spyri era religiosa e, digamos, uma especialista em livros infantis, o que é possível ver em sua escrita, didática e de fácil compreensão, perfeita para o pequeno leitor. Então sim, em tempos em que vemos a infância corrompida, todos devem ler Heidi, cujo filme está disponível na Netflix.

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Olá!

Desde abril eu tinha separado uns trocados do FGTS para comprá-lo, assim que saiu a pré-venda, o comprei. Juro que este livro era muito esperado por mim este ano. No dia seguinte que a Amazon entregou meu exemplar, já comecei a ler. Nenhuma resenha que eu fizer jamais estará à altura dessa série moldadora de caráter, mas vem entender o que aconteceu no quinto volume da série Millennium, o "amarelão" mais bonito da literatura, segundo eu mesma.
Resnhas Anteriores: Os Homens que Não Amavam as Mulheres - Livro | Filme
A Menina que Brincava com Fogo - Livro | Filme
A Rainha do Castelo de Ar - Livro | Filme
A Garota na Teia de Aranha - Livro

SKOOB - Neste volume, O Homem que Buscava sua Sombra começa com Lisbeth Salander presa. Minha protagonista feminina favorita pegou uma pena de dois meses por ter cometido alguns pequenos crimes no livro anterior, até que conseguiria se safar, mas já sabendo como é, ela simplesmente se resignou, dificultando o trabalho de sua advogada, mas, desde que estivesse em paz resolvendo seus problemas matemáticos e de informática, tudo bem passar uma curta temporada na cadeia.

Na prisão feminina de Flodberga, duas figuras chamam a atenção de Lisbeth. A primeira é Benito, nome de certidão Beatrice Andersson, que toca o terror no presídio inteiro, literalmente. Ela tem um par de punhais e muitos contatos do lado de fora e todos lá dentro a temem, até mesmo os agentes carcerários. A outra é Faria Kazi, uma jovem muçulmana que está cumprindo pena por ter matado seu irmão. Ela é vizinha de cela de Lisbeth e, toda vez que o relógio marca sete e meia da noite, o trem de carga passa pelo presídio e, encoberta pelo estrondo, Faria é brutalmente agredida por Benito.

Nós sabemos que Lisbeth não é muito fã de injustiças e fica revoltada quando percebe que ninguém levanta um dedo para defender a jovem. Enquanto repara na cela ao lado, Lisbeth tem suas próprias preocupações, sendo elas referentes ao seu passado. Todo mundo sabe que, aos 12 anos, cansada de ver a mãe sendo agredida e violentada, ela tacou fogo no pai, um ex-agente soviético. Ela foi levada para uma clínica psiquiátrica e todo seu martírio começou. Mas o que aconteceu antes disso?

Antes de chegarmos no que é importante, preciso dizer que Mikael Blomkvist dedica as suas sextas a visitar Salander. Ele também tem suas preocupações, como as constantes atualizações no site da Millennium, além de conferir os últimos detalhes da próxima edição do periódico, além de estar procurando mais um furo bombástico. Mas tudo ficará em segundo plano quando Lisbeth lhe pede para investigar um certo Leo Mannheimer, um jovem bem nascido que tem algumas coisas em comum com ela. Esse nome surgiu quando Salander investigava sobre seu passado e deu de cara com uma certa investigação "científica".

Enquanto ele tenta apurar algumas informações sobre Mannheimer e sua corretora de valores, uma certa noite, Salander, revoltada com a omissão dos agentes diante das agressões sofridas por Faria, ela mesma toma uma decisão e simplesmente ataca Benito, causando lesões graves. Benito é socorrida e o presídio percebe que alguma coisa pesada vai acontecer. Finalmente, a favor de Fari e Salander, o agente Alvar Olsen.

Blomkvist vai conhecer o tal Leo, sócio de uma corretora de valores, que tem hiperacusia (ouvido hipersensível) e um talento nato para a música. Eles se conheceram através de Malin Frode, amiga de Leo e também de Mikael. Depois da agressão, Lisbeth, como sempre, se cala diante das acusações, mas ordena que sua advogada, Annika Giannini, defenda Faria, pois sabe que a investigação em torno do assassinato do irmão da jovem foi muito mal feita.
A coleção só aumenta <3
Esse volume é uma avant-première do que vai acontecer no sexto e último. O Homem que Buscava sua Sombra está contextualizado com os acontecimentos da década, em que abordará diversos temas atuais, sem deixar de lado as personalidades de cada personagem. Por exemplo, Faria é muçulmana e se apaixonou por um certo Jamal, que denunciava diversas irregularidades sofridas pelo povo de Bangladesh, terra natal dele e dos Kazi. Jamal tinha um blog em que opinava sobre política, além de ser contrário ao movimento secularista de seu país, ou seja, era mais ou menos como Yoani Sanchez, que denunciava (ainda denuncia) via Twitter, várias coisas que acontecem em Cuba.

Mas os irmãos de Faria querem casá-la com um empresário do ramo têxtil, em mais um desses casamentos forçados que tanto vemos. Somando isso aos pensamentos retrógrados dos irmãos, Faria viveu um inferno quando se viu impedida de ver seu amor, que morreu na linha do trem. Aqui vemos um bom exemplo do que faz a religião quando esta se mistura à política e outros terrenos em que somente deveríamos ouvir a razão.

Salander e Blomkvist vão se encontrar muito pouco, porém teremos muitas revelações bacanas, como por exemplo, finalmente saberemos porque ela tem uma tatuagem de dragão nas costas. David já contou, em vídeo exclusivo ao portal G1, o que o levou a pensar na motivação de Lisbeth para a tatuagem. E só sei que, se Stieg pensou na mesma coisa, David acertou um chute genial. Posso dizer que, assim que descobrimos, é como receber um soco no estômago (soltei uns palavrões enquanto lia, no metrô).

As revelações que Lisbeth encontrará sobre ela, sua irmã Camilla, Leo Mannheimer e milhares de outros gêmeos univitelinos (os idênticos) será de cair o queixo, o autor está de parabéns por ter pesquisado tanto sobre isso e também sobre hiperacusia e notas musicais (eu já tinha lido sobre notas no As Cordas Mágicas, falei dele aqui, e também vi o filme "Born to Be Blue", cinebiografia de Chet Baker, então foi menos difícil para eu entender tantos termos técnicos). Além, claro, de diversas outras informações sobre política, saúde pública e bolsa de valores.

Tenho que admitir que, quando vi o livro por completo pela primeira vez (via redes sociais da editora) me assustei com a brochura. Como assim o livro é fininho?? (fininho em relação aos demais livros, tem só 359 páginas; meu medo é que o próximo tenha umas duzentas, já que o quarto tem cerca de 400, vai que a quantidade de páginas é decrescente...), mas isso não tirou minha vontade de ler, pelo contrário, li bem devagar, que era pra não acabar.

Ainda sobre a contextualização da série para 2017, essa é uma vantagem de termos mais histórias da única dupla possível, pois se Lisbeth fazia e acontecia com um palmtop, imagina agora, que temos iPhones e Androids? A Millennium está na internet e nas redes sociais, mais do que nunca, todo mundo tá no Facebook interagindo (como se fossem super entendidos dos temas). David aborda o terrorismo, a intolerância, como ficou mais fácil conseguir informações, mas mais difícil de checá-las (vi isso em vários livros e na faculdade).

Uma coisa muito fofa que não posso deixar de dizer é que (jamais saberemos se Larsson pensou nisso) Blomkvist nos revela que decidiu ser jornalista após assistir, ainda criança, Todos os Homens do Presidente (filme obrigatório para os estudantes de Jornalismo, quem não assistiu é poser). De repente me bateu uma saudade da faculdade, já que foi lá que tive contato com o filme (que não tem na Netflix, infelizmente). E essa passagem me fez lembrar porque eu optei pelo jornalismo - decidi depois que participei do jornal da escola.

Tenho que admitir que esperava mais do final, me pareceu meio corrido, mas, como é o livro que nos situará no derradeiro, Lagercrantz precisou ser bem detalhista. E sim, mesmo com muita gente torcendo o nariz, não posso deixar de aplaudir o autor, pois ele precisou criar novas histórias, contextualizar em nossa sociedade sem deixar de desmembrar a espinha dorsal de cada personagem. E querendo ou não, muitos jovens estão se interessando pelos volumes de Larsson graças a David, que trouxe para a nova geração a exceção da exceção dos romances policiais - porque eu já li vários suecos, mas ninguém será como Stieg Larsson, nem se ele tivesse tido um ou vários filhos.

Para terminar, como o último só saíra em 2019, eu não sei o que farei até lá. Enquanto isso, ano que vem sai o filme do quarto livro (e não sei se choro ou rio com a escolha da Claire Foy; nada contra ela, mas não tem cara de Salander nem ferrando), as versões suecas saíram da Netflix, meu coração chora ao ver a versão americana e não sei se conseguirei reler tudo (acho que não). Com certeza lerei outros romances policiais (tenho vários aqui, rs), enquanto torço pra que o autor venha para São Paulo - ele estará na Feira do Livro de Porto Alegre, mês que vem - e que não escolham um ator muito ruim para ser o novo Blomkvist - mas ainda assim criticarei porque Mikael Blomkvist é um só.

P.S.: no canal da Companhia das Letras no Youtube, tem três vídeos bem curtinhos em que David Lagercrantz, como um bom discípulo da "palavra de Larsson", mostra o endereço da Millennium e os apartamentos de Blomkvist e Salander. Deixaria os vídeos aqui, mas o post ficaria maior do que está.



Olá!

O resenhado de hoje me foi uma grata surpresa. Um romance nacional misturado com aula de História recente do Brasil, contando como era o país depois da abertura política, dando início ao processo de redemocratização da nação (que acho que não vem dando muito certo). Conheçam o primeiro livro de Toni Moraes, O Ano em que Conheci Meus Pais.
SKOOB - O Ano em que Conheci Meus Pais conta a história de Jonas Damasceno, um jovem que está para se formar em jornalismo e que almeja seguir na carreira de correspondente de guerra. Lembrando que estamos na São Paulo de 1989 e o Brasil e o mundo fervilham de novidades, como a primeira eleição direta sendo realizada no país e o Rebelde Desconhecido tentando parar tanques de guerra em Pequim.

Porém, depois de ir até o Rio para assistir a uma palestra de um sobrevivente da ditadura, Jonas começa a duvidar de sua história. Isso porque ele foi criado pelos avós, depois que seus pais foram vítimas fatais de um acidente de carro, em 1970. Ele nasceu em Belém do Pará, mas desde os três anos mora com os avós. O tal palestrante, ao ouvir o nome completo do rapaz, lhe faz uma revelação interessante, que o faz colocar em xeque toda sua vida.

Ao confrontar a vó Veroca (apelido de Verônica) sobre a tal revelação, Jonas fica mais confuso ainda. Sua relação com o avô Odílio, um militar, nunca foi das melhores. E tanto esse fato como diversas situações de sua vida, fazem com que ele comece uma viagem no tempo. Antes de querer cobrir tragédias e conhecer histórias, ele precisará saber de sua própria história. Com a ajuda de Domenico, seu melhor amigo, Jonas parte numa viagem não só até Belém, mas também numa jornada para saber quem foram seus pais.

Primeiro recebido em parceria com a jovem Monomito Editorial, O Ano em que Conheci Meus Pais não conta só a história de Jonas, conta também um emblemático capítulo na história de nosso país. Os pais de Jonas eram comunistas, e todo mundo sabe que, durante o regime militar, isso era um crime. Em paralelo à história de nosso protagonista, também temos acesso a um certo diário, em que descobrimos como era a vida de um militante - particularmente, eu não teria coragem de ser militante, independente do lado que eu acredito.
O estreante Toni Moraes nos mostra como era Belém do Pará em 1989, um cenário muito interessante, com certeza muito diferente da cidade como é hoje. Nunca saí da região sudeste, mas ao ver as descrições (muito bem feitas) da cidade, me deu vontade de conhecê-la, mesmo sabendo que hoje está bem diferente. Inclusive, acredito que o autor tenha tido um trabalho e tanto pra pesquisar como era a cidade naquele tempo.

Precisamos falar sobre Domenico. O melhor amigo de Jonas é um artista plástico famoso, que chocava a população com suas obras, em que usava de tudo, até mesmo esperma (e os conservadores reclamando do pelado do museu...). Mas ele tinha uma grande tristeza: além de se sentir sozinho muitas vezes, ele descobriu ser soropositivo. Justamente na época em que a doença era vista como "coisa de viado", lembrando que o primeiro caso de AIDS no país foi em 1982. Diferente de hoje, onde o Brasil é referência no tratamento do vírus, naquele tempo, não tinha muitos recursos e quem tinha a doença morria cedo.

Mesmo sabendo que tinha pouco tempo, Domenico não hesitou em ajudar o amigo e lhe acompanhar numa cansativa viagem de carro até Belém. Munidos de um mapa e muita coragem, a dupla conseguiu levantar informações importantes, enquanto Jonas repensava sua própria vida, seu futuro, seu relacionamento com Renata... além, claro, de ter um choque de realidade. Por ter tido uma vida boa (bons colégios, tudo do bom e do melhor, formando da PUC, etc.), nunca lhe passou pela cabeça que poderia haver pessoas que ficavam à própria sorte, sendo esquecidas pelo governo (nada muito diferente de hoje).

Como sabem, sou formada em Jornalismo, então todo e qualquer livro que tenha um como protagonista de cara me encanta. E com Jonas não foi diferente. Sua sede de descobertas me fez lembrar como eu era quando comecei minha própria faculdade. Logo de cara sabemos que ele deseja ser correspondente de guerra e me identifiquei um pouco quando me lembrei que entrei na faculdade querendo ser correspondente internacional, mas o mundo girou e acabei me juntando a duas amigas para criar uma revista literária.

Jonas vai usar seus conhecimentos aprendidos na faculdade para obter respostas e foi muito bom acompanhá-lo nessa jornada, também investigando com ele, acertando algumas coisas, errando outras (sou péssima em pegar as coisas no ar). Obviamente, muita coisa é revelada, nos fazendo ter vários sentimentos em relação às personagens - quero deixar bem claro que odeio o Odílio.

Por fim, se esse livro virasse filme, daria um roteiro incrível, porque muitas das informações passadas são reais, então o leitor terá uma ótima aula de História do Brasil, ainda mais sobre um capítulo que ainda não está esclarecido às novas gerações. Sobre o trabalho da Monomito está incrível, é uma editora que veio para ficar, com uma edição impecável e o mais bacana é que a foto que está na capa é da família do autor, salvo engano, são os pais e do irmão de Toni, segundo ouvi de uma moça no dia em que fui à sessão de autógrafos.

Agradeço ao Toni e à Adriana Chaves, sua editora, por me permitirem ler essa história tão maravilhosa e desejo muito sucesso à Monomito, que seja a primeira de muitas publicações! Ah, e Toni, obrigada pelo autógrafo! E você pode garantir o seu na loja online da editora.


Olá!

O projeto Mulheres em Cena, das irmãs Nara Tosta e Lara Braga, nasceu, segundo elas mesmas, "da expressão artística das irmãs Lara Braga, poeta e compositora e Nara Tosta, escritora e contadora de história" (fonte: Site Oficial). O primeiro livro que li, Maria Isabel e Soraia, a priori, me pareceu ser um romance LGBT, por causa do título, mas ao me deparar com as histórias, são textos de mulheres reais, gente como a gente - e não, não tem nada de LGBT na obra.
SKOOB - Pelo que percebi, podemos separar o livro em duas partes: a da Maria Isabel e a da Soraia. Elas não se conhecem, em comum, apenas o fato de morarem na Tijuca (Rio de Janeiro) e que têm grandes dilemas a resolver. Primeiro vamos conhecer Maria Isabel, empresária e dona de casa, que faz de tudo para manter sua família unida, porém se sente infeliz porque não se sente completa como mulher. Seu marido, Luiz Henrique, não lhe dá atenção, a chama do amor está apagada.

Nesse meio tempo que Bel tenta (sozinha) salvar o casamento, ela conhece alguns homens, com quem tem momentos incríveis, que jamais teve com seu marido. Esses momentos com tais homens também a fazem lembrar de sua mãe, já falecida, de quem se afastou para poder ficar com o marido. Ela também se preocupa com o filho Vinícius, que está crescendo e cada vez menos precisa dela. As máscaras vão cair quando Bel deseja abrir um novo negócio e Luiz Henrique mostra sua verdadeira face.

A outra história vai nos apresentar Soraia, divorciada, mãe de dois filhos e uma empresária de sucesso. Uma mulher com passado difícil, que virá à tona quando sua irmã Valesca (que vive sob um casamento abusivo) lhe informa que Gustavo, o grande amor de Soraia, faleceu. Com a morte de Gustavo, Soraia cairá num abismo vertiginoso, que lhe trará muitas lembranças.

O relacionamento de Gustavo e Soraia não deu certo por vários motivos, desencadeado pela diferença de idade: quando se conheceram, Soraia era uma jovem de apenas 16 anos, enquanto Gustavo era vinte anos mais velho. Com isso, a mãe de Soraia, uma mulher intransigente, obrigou a jovem a casar-se com Edson, que lhe agredia e maltratava. Dessa união, nasceu Fábio. Depois, ela adotou Flávio, filho de uma alcoólatra.

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Muitos segredos e sensações permeiam esse livro. Elas são Maria Isabel e Soraia, mas podem ser qualquer uma de nós. Quantas vezes não vimos mulheres sofrendo com companheiros abusivos ou ausentes, alcoolismo, agressões, submissão... enfim, são histórias que, diferente de muitos romances, realmente podem acontecer com qualquer uma de nós.

O que mais gostei desse livro, além da narrativa da autora, simples e sucinta, é que as páginas do livro são cor-de-rosa! Eu nunca tive um livro com páginas diferentes de amarelo ou branco, no máximo tenho livros com laterais verdes e pretas (cada um é de uma cor, quero dizer). A edição da Bambual (não a conhecia) está caprichada e impecável.

No momento, são dois livros, mas espero que o projeto cresça mais ainda e tanto a Nara como a irmã produzam muito mais conteúdo, todos precisam conhecer o "Mulheres em Cena"! E aproveito para agradecer novamente à Oasys Cultural pela confiança em nossa parceria e também pela sugestão de leitura, foi maravilhoso!

Você pode adquirir o seu no site oficial do projeto Mulheres em Cena.