Olá!

Mais um romance policial escandinavo por aqui. Enquanto eu não enjoo do (sub)gênero, resolvi ler o segundo volume do personagem clássico criado pela dupla (casal, na verdade) Sjöwall-Wahlöö. Infelizmente a Record não deu sequência na série, mas tudo bem. Um dia eu aprendo sueco.
Resenha Anterior: Roseanna

SKOOB - O Homem que Virou Fumaça é o segundo volume da série do inspetor Martin Beck e começa com meu segundo detetive favorito (porque o primeiro é o Kurt Wallander) tendo suas tão sonhadas férias interrompidas. Exatamente 24 horas depois de encontrar sua família numa ilha onde descansariam, ele precisa voltar para sua delegacia, pois há um desaparecido.

O Ministro do Exterior o convocou para que ele cuidasse do caso do desaparecimento do jornalista Alf Matsson, que foi pra Budapeste, capital da Hungria, e sumiu. Porém, o caso de Alf é mais difícil do que se imagina, pois é como se ele simplesmente nunca tivesse existido, pois há muito pouca coisa sobre ele. E mesmo sendo um desaparecimento que aparenta ser comum, Beck tem aquele instinto tão comum em romances policiais de ir até o fim de cada caso.

Beck, que segundo as más línguas, tem o dom de "entrar numa sala e fechar a porta atrás de si quase ao mesmo tempo em que batia nela no lado de fora", esbarra na falta de interesse das autoridades húngaras para encontrar o jornalista. Em Budapeste, ele contará com a improvável ajuda de um certo major, que é um tanto desconfiado, mas muito inteligente.
Mas, o que seria apenas mais um caso de desaparecimento, mostra-se um complexo caso envolvendo altos escalões, tráfico de drogas e algumas coisas que tem de sobra no Leste Europeu. E Beck terá que focar em encontrar uma solução - ou achar o cara - e deixar de lado suas tão sonhadas férias na cálida costa da Suécia. Para isso, terá a ajuda de seus colegas Melander e Kollberg.

Com muita dor no coração, tenho que dizer que esperava mais dessa leitura. Amo romance policial, isso não é segredo, mas percebi que faltou aquele impulso que o leitor precisa ter para querer desvendar o caso, é como se os autores, na figura de Martin Beck (que não estava resfriado), quisessem entregar tudo mastigado para o leitor. Muitas descrições, pouca ação. Quando o leitor percebe, já se concluiu o assunto.

Vale ressaltar também que esse livro foi escrito em 1966, portanto, no auge da Guerra Fria. Então encontraremos na leitura vários termos como Cortina de Ferro, e também certos países como Tchecoslováquia, Iugoslávia e União Soviética. Para nós contemporâneos, todos esses nomes soam velhos e históricos demais, mas serve pra gente lembrar que tudo isso existiu mesmo, rs.

Infelizmente, a Record publicou só dois dos dez volumes da série, escrita entre 1965 e 1975. Diferente do volume anterior, Roseanna (link no começo do post), esse foi bem fraquinho, mas ainda assim foi uma boa leitura porque podemos conhecer a mentalidade daquela época, refletida nos valores de Beck e também nas descrições de pessoas e lugares. Apesar de eu ter esperado mais da obra, a única coisa que salva é saber se o homem virou fumaça mesmo (o título em Portugal é "O Homem que se Desfez em Fumo", não consigo não rir).


Olá!

Agora no ritmo epistolar, vamos com um romance húngaro real, dolorido e lindo. Duas pessoas que, antes do primeiro beijo, trocaram uma incrível quantidade de cartas. Eles são os pais do diretor de teatro e agora escritor Péter Gárdos e esta é sua história.
SKOOB - A Febre do Amanhecer, a priori, pode ser visto como um livro bobinho com um final óbvio, mas a beleza dessa obra está nos detalhes. Sabendo disso, vamos conhecer Miklós, um húngaro que está a caminho da Suécia, depois de ser libertado do campo de concentração de Bergen-Belsen, em julho de 1945. Ele e vários outros chegam à gelada ilha de Gotland, onde receberão cuidados médicos.

Miklós tem 25 anos, é militante socialista (chato, aliás), então decide escrever cento e dezessete cartas para diversas húngaras que também estão em hospitais de campanha ao redor do país, na esperança de que alguma lhe responda. Algumas lhe responderam, mas só uma lhe chamou a atenção: a da jovem Lili Reich.

Lili, judia, também vinha de um campo de concentração, mas estava sendo tratada em outra região da Suécia. De início, ela fica ressabiada com aquela estranha carta, mas acaba respondendo. E a troca de cartas duraria seis meses. Miklós precisaria lutar contra muita gente para poder ficar com sua amada, já que seu médico, o dr. Lindholm, lhe dera somente seis meses de vida, por causa do pulmão doente. A favor do nosso jornalista (por oito dias e meio), Harry, um grande amigo (gostei dele).

Do lado da moça, as coisas não eram melhores. Ela tinha duas amigas, Sara, um doce de pessoa, e Judit Gold, invejosa e recalcada. Sara apoiava o romance, Judit queria distância. E quando Lili manifestou seu desejo de se converter ao catolicismo, aí piorou, eu quis entrar no livro e socar a "amiga". Ou seja, se esse amor suportou a distância, as doenças, o frio e a guerra, não seriam os médicos ou as amigas que separariam os dois.
Essa história só pôde chegar a nós, leitores, graças a Lili, mãe do autor. Péter Gardos é diretor de teatro e cinema, mas A Febre do Amanhecer é seu primeiro livro. Isso porque, nos idos de 1999, sua mãe lhe entregou os dois maços de cartas, como se dissesse "vá e conte nossa história". Não sou dessas românticas incuráveis, mas tenho que aplaudir a forma como Péter conduziu a trama. Mesmo sendo baseada numa história real, ele a contou de maneira muito delicada, mesmo com as partes em que a guerra é uma lembrança vívida nas mentes de Miklós e Lili.

Durante a obra, podemos ver diversos trechos das cartas de ambos, uma mensagem mais linda que a outra - menos as de cunho socialista, essas eram chatas. Miklós, além de jornalista, era poeta (e dos bons) e volta e meia presenteava Lili (e nós leitores) com uma encantadora poesia. Vale ressaltar também o trabalho da Companhia das Letras em traduzir DIRETO DO HÚNGARO. Alguém neste país fala húngaro. E isso é importante (pelo menos pra mim) porque não se perde muito na hora de traduzir, temos um texto perfeitamente fiel ao que o autor quis passar - sem falar que falar húngaro deve ser bem legal; já pensou, você chega em algum lugar importante e solta "eu falo húngaro", poxa, tem todo um status, rs.

Ainda sobre a parte da editora, a capa com certeza é uma réplica de alguma das cartas, junto com selos e carimbos, o que dá um ar super nostálgico à história. Como Péter é diretor de cinema, é claro que A Febre do Amanhecer viraria filme. Dirigido pelo próprio autor, claro. E, segundo o trailer abaixo, é tão lindo - mesmo eu não entendendo uma palavra de húngaro, vi que algumas imagens são fieis ao livro. Conheço muito pouco do cinema deste país, mas acredito que é uma produção muito bem feita.

Foram as melhores 215 páginas que li até o momento este ano. Apesar de ter um final óbvio, não tem como não ler, a beleza está nos detalhes. Pra quem ia viver seis meses, o que lhe aconteceu foi um lucro e tanto...




Olá!

Cumprindo o quinto tópico do Desafio 12 Meses Literários - cujo progresso você acompanha na imagem oficial, na sidebar - cujo tema é "um clássico" -, não poderia ter escolhido outro. Particularmente, não sou de ler clássicos, mas... é aquilo lá, né... me chama que eu vou. Eu tinha falado em algum outro post que só retomaria a leitura de romances policiais com A Rainha do Castelo de Ar, mas surgiram outros títulos na frente e quero ler Millennium 3 a conta gotas finalmente pude ler algo do casal Sjöwall-Wahlöö. Confiram a resenha de Roseanna.
SKOOB - Roseanna é o primeiro volume (de 10) protagonizado pelo detetive depressivo (e que vive às voltas com resfriados) Martin Beck. Ele é um dos melhores detetives de Estocolmo e seu caso envolverá uma jovem morta, cujo corpo foi encontrado durante a dragagem de um lago. Sabe-se muito pouco sobre essa mulher. Só depois de três meses de investigação, descobriu-se que seu nome era Roseanna McGraw, norte-americana e passageira do navio Diana.

Beck, acompanhado de seus colegas Kollberg, Ahlberg e Melander, precisa correr contra o tempo, apesar de que, um tempo considerável já havia passado entre o corpo ser achado e as primeiras informações surgirem. Mas este protagonista lacônico, obstinado e desacreditado do sistema, não vai tirar o caso da cabeça, isso porque, conforme ele vai investigando, vai tendo a certeza de que o assassino está muito perto, só precisava peneirar as informações recebidas.

Romance é um gênero literário muito antigo, romance policial também, mas o romance policial que a Escandinávia exporta e que conhecemos hoje muito se deve ao casal Maj Sjöwall e Per Wahlöö (não faço a mínima ideia de como se pronunciam os sobrenomes). Nos anos 60, a produção literária na Suécia estava muito abaixo dos padrões**, até que Maj e Per criaram Martin Beck, um investigador de polícia que faz de tudo para resolver suas investigações, mas que tem seus demônios pessoais. Sem querer (ou querendo), eles foram os primeiros a popularizar um subgênero do romance policial, o scandi-crime - termo que descobri recentemente e, a partir de agora, vou usar toda vez que trouxer um romance policial advindo desta região.
**Para entender melhor o momento histórico da Suécia nos anos 1960, vale ler a biografia de Stieg Larsson, publicada pela Cia. das Letras. Além de falar da vida e obra do autor, ele explica com detalhes o boom dos romances policiais que começou com o casal Sjöwall-Wahlöö.

Assim como todos (praticamente sem exceção) os detetives, Martin Beck não tem lá uma boa relação com sua família. Sua esposa vive reclamando que ele trabalha demais, que é ausente e passa pouco tempo com seus filhos. Além disso, o casal foi um dos primeiros a trazer para a literatura problemas reais da população sueca que, à época, não era a maravilha de país que é hoje. Beck era o reflexo do que os suecos procuravam: justiça. Claro que, nesse tempo, já tínhamos Hercule Poirot e Sherlock Holmes, mas eles não eram identificáveis pelo povo. Querendo ou não, o casal abriu as portas, revolucionando o gênero.

E, se eles revolucionaram o gênero, vale ressaltar que muita gente bebeu da fonte Sjöwall-Wahlöö, entre eles o norueguês Jo Nesbø (preciso ler algo dele urgente), Henning Mankell (só vi a série Wallander) e Stieg Larsson (amém). Aliás, no caso de Larsson, a idolatria dele pelo casal é visível em vários pontos dos livros Millennium, inclusive na forma de escrever. Digamos que tem muito do casal na história de Lisbeth Salander. Vale ressaltar que Stieg, quando ainda respondia por Karl Stig-Erland, era leitor assíduo da série.
A edição da Record caiu em minhas mãos na melhor hora. Na biblioteca que eu frequento tem dois títulos do casal, mas são edições portuguesas muito antigas, até tentei ler, mas quando abri a primeira página, não entendi nada. O português europeu - antes da primeira reforma - é muito diferente, aí acabei desistindo. Então, fiquei muito feliz por ver que a editora publicou não só esse, mas também o segundo, "O Homem que Virou Fumaça" (em Portugal ele se desfez em fumo, rs), que já garanti e logo trarei a resenha para vocês. Ah, e o papel que a editora usou é aquele que encontramos nos romances de banca (o amarelado, com cheiro de velho, que com certeza tem um nome específico), que me remeteu imediatamente à clássico, rs.

Em 1997, a série de livros virou série de TV, com diversos atores interpretando o detetive mais cansado que já conheci, sendo a versão com Peter Habor (5 temporadas) a mais famosa - e alçando ao sucesso um jovem Michael Nyqvist, ainda como coadjuvante...

E como eu empolgo toda vez que falo sobre um romance policial - principalmente se ele for escandinavo - tenho que dizer para vocês que os livros devem ser lidos sim, mesmo com toda a dificuldade que envolve as séries, que nós sabemos que nem todas são continuadas. A nosso favor, a vantagem de serem volumes não (tão) seriados, ou seja, até dá pra ler fora da ordem, mas fica aquela pontinha de tristeza, porque clássicos deveriam ser publicados sempre, mas é aquela história, editoras são empresas e precisam pensar no lucro também, senão fecham as portas. Termine de ler este texto e corra para ler Roseanna!



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Olá!

O post de hoje, apesar de ser opinativo, está mais para serviço de utilidade pública do que opinião propriamente dita - mas claro que tem minha opinião. Queria compartilhar com vocês um momento raro na minha vida: uma ida ao cinema.

Como vocês puderam ler no título, vou falar sobre filmes de arte, um local que exibe esse tipo de filme e um título que assisti recentemente. Tudo isso em um só texto, ou seja, tópicos diferentes, mas que se casam entre si, formando uma grande teia. Ou, se preferir, senta que lá vem textão.
Alguém ousaria dizer não à Amélie Poulain? (pena que não tem mais na Netflix...)
Basicamente, aprendi os conceitos de filmes de ação (aqueles que priorizam efeitos especiais e bilheteria) e de arte (aqueles que priorizam a mensagem e as expressões) ainda no início da faculdade, quando eu tinha outra mentalidade. Porém, só tive a oportunidade de contextualizar os conceitos aprendidos em sala quando troquei de emprego, e pude mergulhar no mundo dos filmes sob demanda.

Um exemplo de quem sabe fazer filmes de ação são os EUA, claro, que criaram também o Star System (um sistema que tem como objetivo endeusar os atores/atrizes; exemplo clássico é o Oscar). Já os mestres dos filmes de arte são os franceses. Mas isso não significa que os franceses não façam filmes de ação e os americanos, de arte. Sabendo dessa pequena generalização, comecei a assistir diversos filmes (clássicos ou não), de diversas nacionalidades: franceses, suecos, húngaros, dinamarqueses, italianos, argentinos... e por aí vai. E claro que tenho alguns preferidos (se você tiver um tempinho, convido a navegar pela categoria "Filmes" deste blog, resenhei alguns títulos).

Nutrindo esse carinho imenso pelos filmes de arte, devido, principalmente, pela delicadeza que as histórias são contadas, estou eu andando pelo Conjunto Nacional (rumo à Livraria Cultura, claro), quando me deparo com um pôster de um certo filme. A Jovem Rainha. Na imagem, duas mulheres: a loira abraçando a morena. Mas não foi isso que me chamou a atenção, e sim o elenco. Me interessei pelo filme porque no elenco está ninguém mais e ninguém menos que meu crush ator favorito, o sueco Michael Nyqvist - caso você não saiba (ou tenha acabado de acordar do coma), ele é o Mikael Blomkvist dos filmes Millennium.

Tá, mas e daí? Daí que, ao pesquisar na internet, descubro que este filme está em cartaz no Caixa Belas Artes, que cansei de passar na porta, mas não fazia ideia de que se tratava de um cinema. E lá fui eu, no dia seguinte - era segunda de carnaval, amém - comprar meu ingresso. E qual a surpresa? Os preços são muito, mas muito acessíveis, além do local ser um dos poucos em SP que exibem filmes de arte, além de clássicos - sucessos de bilheteria? Só se for do tipo La La Land.
Antigamente, o nome era esse da foto. Os nomes das salas são mantidos até hoje.
Spoiler de utilidade pública: às segundas, o preço do ingresso é 18 golpinhos. Nos demais dias, 26 golpinhos. E até a pipoca é barata! Eles aceitam dinheiro e cartão de débito (crédito só da Caixa). E se você levar 100 reais em moedas, eles trocam por cédulas e você não paga a mais pelo ingresso! No site, você confere todos os filmes em cartaz e seus respectivos horários. O Caixa Belas Artes fica no número 2423 da Consolação, ao lado da estação Paulista do metrô.

E a experiência na sala de cinema foi muito boa, apesar do corredor entre as fileiras ser bem apertadinho (eu quase caí em cima do namorado de alguém). Na sala em que assisti o filme, por incrível que pareça, tinha bem umas quarenta pessoas. 40 pessoas numa segunda à noite pra assistir um filme sueco. Me surpreendi. E me surpreendi mais ainda quando, entre um trailer e outro, eles exibiram um vídeo em que a população e algumas iniciativas precisaram se unir pra que o local voltasse a funcionar. Isso foi em 2014, depois de ficar três anos fechado.

E isso foi muito legal! Tipo, um monte de gente se uniu e conseguiu com que o espaço reabrisse, mostrando que ainda tem muita gente que curte arte - e que um lugar assim não poder perder espaço pros Cinemark da vida, cuja pipoca custa um rim. Tem lugar pros dois! Depois desse vídeo explicativo, outro igualmente explicativo, mas muito criativo. Sabe aqueles vídeos que explicam as normas de segurança, seja de cinemas ou shows? Então, o do Caixa exibe filmes antigos como forma de explicar onde ficam as saídas de emergência e etc. Foram exibidos vários títulos, mas só reconheci Cidadão Kane (assisti e recomendo).

Sobre o filme em si, poderia fazer uma resenha, mas ando resenhando filmes demais, rs. Brincadeiras à parte, A Jovem Rainha é um filme que conta como foi o reinado da Suécia sob o jugo de Cristina (Malin Buska), que foi criada para governar, sob os cuidados do Chanceler Axel (Michael Nyqvist), depois que a mãe da menina surtou. Mas, entre a guerra envolvendo católicos e protestantes e a pressão para que ela tivesse um filho para garantir a sucessão do trono, Cristina se vê apaixonada por sua dama de companhia (Sarah Gadon). Naturalmente, uma mulher (muito) à frente de seu tempo.

E claro que a rainha Cristina existiu de verdade, buscou a todo custo a paz em seu país, no século XVI. E apesar de seu curto reinado, ela deixou uma marca incrível na história do reino. A Jovem Rainha é aquele tipo de filme que não vamos ver na sessão da tarde, mas se dermos sorte encontraremos o DVD na Livraria Cultura. Se as pessoas abrissem mais os horizontes, com certeza veriam que o cinema europeu é rico em títulos, que o cinema de arte não é chato nem fresco, mas delicado e bem feito, além das diversas mensagens que são transmitidas em cada filme.

E como já cansei de dizer aqui no blog, eu valorizo demais um livro (ou filme, no caso) que tenha uma mensagem, seja ela qual for. E onde encontrar mais mensagens no Cinema se não em filmes de arte? E São Paulo está bem servido com o Caixa Belas Artes, que, com o apoio do público, vem trazendo títulos incríveis de várias partes do mundo para nós - sem contar os filmes nacionais, que sempre ganham destaque.
Uma mini resenha do filme, feita assim que saí da sessão. Por algum motivo, o Face disse que eu estava no Guarujá. Pesquisando, descobri que o filme foi feito na Finlândia, Suécia, Alemanha, França e Canadá. O quote faz parte do filme.
E por que eu escrevi esse textão? Pra dizer que, de vez em quando, é bom abrirmos os horizontes e conhecer mais do cinema de arte, seja europeu, asiático ou nacional, poucas vezes vi filme de arte ruim, todos - sem exceção - tem algo para nos mostrar. Quer me fazer feliz? Me leve para ver um filme francês, italiano ou sueco, são os meus favoritos!

P.S.: não é porque falei dos filmes de arte, que eu não goste do cinema de ação. Adoro ver também uma porrada, tiroteio ou lutinha... Mas apenas quis mostrar meu amor por esses filmes tão, mas tão legais!


Olá!

No Vida Literária de Fevereiro, resolvi tirar a Ana e a Raíssa de suas zonas de conforto fazendo-as ler um romance policial made in Suécia. Não sei se elas já leram algo vindo deste país, mas se não o fizeram, essa será a primeira vez. Eu, como fã de romances policiais, indiquei para leitura A Princesa de Gelo, de Camilla Läckberg.

** Lembrando que o Vida Literária é um projeto em que eu e os blogs O Outro Lado da Raposa e Entre Chocolates e Músicas leiamos um livro, discutamos e depois resenhemos, cada uma contando como foi sua experiência.
A Princesa de Gelo é o primeiro livro da minha xará e conta a história de Erica Falck, uma escritora de relativo sucesso, que resolve voltar para sua cidade natal, Fjällbacka (pronúncia: fielbaca), para poder cuidar dos pertences de seus pais recém-falecidos. Porém, a pequena cidade (de 859 habitantes, segundo o Google) está às voltas por causa da morte de Alexandra Wijkner, que outrora fora sua amiga de infância, mas que não a via há mais de vinte e cinco anos.

Inicialmente, as suspeitas levavam a um possível homicídio. Porém, Erica não acreditava em nada do que diziam. Enquanto pensava nisso, ela precisava começar a escrever seu quinto livro, uma biografia. Só que não conseguia escrever quase nada, ao passo que diversas memórias com Alexandra voltavam à baila.

Nesse meio tempo, o policial Patrik Hedström foi designado por seu chefe - irritante e que sonha com uma promoção em Gotemburgo - para assistir a um depoimento de determinadas pessoas. E é aí que ele reencontra Erica Falck. Aliás, eles eram amigos de longa data (e ele era apaixonado por ela) e as questões do momento os separaram. Até aquele momento.
Em paralelo à investigação, Erica também está preocupada com sua irmã, que é casada com um crápula manipulador, que só pensa em dinheiro e seu grande sonho é vender a casa de Fjällbacka e ir morar em Londres - o cara é dessa cidade.

Bem, me interessei pela leitura quando descobri que essa história NÃO se passa em Estocolmo. Por algum motivo que não sei explicar, gosto de histórias que não se passam em grandes cidades, não à toa, o protagonista do meu livro, Segunda Chance, nasceu em Halmstad... Até então, não fazia ideia de quem era Camilla, e então, graças ao Amigo Secreto entre blogueiras que participei, pude ganhá-lo.

E, sinceramente, foi uma boa leitura. E só. Apesar de ser arrastada em alguns momentos, por causa das muitas descrições, pude notar que foi uma trama bem pensada, acredito que isso se deva ao fato de que, antes de ser escritora, Camilla trabalhava como produtora, então, provavelmente escrevia roteiros e coisas que o valha. Se por um lado, as descrições eram um pouco chatas, por outro, as mesmas descrições eram o que salvavam a história, pois eram esses detalhes que amarravam a trama.
Dividido em seis capítulos longos, o livro, escrito em terceira pessoa, mostra diversos pontos de vista, mas sempre focando em Erica e seus problemas. Na Suécia, a autora vai lançar o décimo livro da série de Erica em abril, mas, vendo as sinopses dos demais volumes que a Planeta publicou (e descontinuou), são não-seriados, ou seja, apesar de alguns detalhes da vida de Falck não terem se encerrado nesse, nos próximos, novos casos virão à tona. O que é ótimo, pois não sei se pretendo comprar os demais.

Enfim, de todos modos, é uma leitura válida, tanto pra conhecer um pouco mais sobre Camilla, Fjällbacka ou até mesmo se aventurar nos romances policiais. A escrita dela é fluida e bem detalhada (bem até demais, rs). Achei alguns erros de digitação, mas a revisão da editora está ok.

P.S.: odeio esse negócio de dizer que fulano é o novo sicrano e etc. Aqui, ousaram afirmar que Camilla é a nova Agatha Christie. Gosto das duas, mas apenas parem de comparar, por favor. Läckberg jamais será a Agatha que vem do frio. Cada uma é cada uma. Frases como essa afastam muitos leitores...

Geralmente livros policiais tem que ser bem dinâmicos e cheios de ação para me prender, então não foi o caso deste livro. Apesar de a autora se mostrar inteligente ao nos oferecer um quebra cabeça elaborado, o livro não funcionou para mim. Além disso, a estória ficou o tempo todo girando em torno da personagem principal e o foco da investigação se perdeu em meios aos problemas pessoais da protagonista. Acho que a emoção de se ler um romance policial se perdeu um pouco por causa desse estilo de narrativa. Raíssa
Comecei a gostar de livros do gênero com a escrita da Aghata Christie que em minha opinião, é mestre em criar enredos bem trabalhados e com um bom desfecho. Não gosto de comparativos, mas não posso negar que minhas expectativas estavam altas para essa obra desde a comparação na capa. Infelizmente a obra não funcionou comigo. Achei o enredo parado e sem muitas emoções... Mas essa é só a minha opinião, há diversas resenhas positivas para a obra. Dê uma chance... Ani
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Olá!

Quem aí gosta de um livro infantil? Eu adoro, apesar de não lê-los com tanta frequência. Mas, depois que eu descobri que Píppi Meialonga foi a inspiração de Stieg Larsson para criar Lisbeth Salander, eu precisava mesmo saber quem é essa menina de tranças espetadas e desbocada, criada pela sueca Astrid Lindgren para sua dar de presente para sua filha, em seu aniversário de 10 anos. Conheçam Píppi e saibam o que ela foi fazer nos Mares do Sul.
Píppi Meialonga é um personagem icônico na Suécia. Guardadas as devidas proporções, ela está para o país escandinavo assim como a Mônica está para nós brasileiros e a Mafalda para os argentinos. Assim como a brasileira e a argentina, ela é independente e não tem papas na língua. A diferença é que mora sozinha e tem uma mala cheia de moedas de ouro.

Ela, que é a pessoa mais famosa de sua cidade, mora na Vila Vilekula (esse é o nome da casa dela), que fica numa cidade minúscula. Seus vizinhos são Aninha e Tom, além do seu cavalo e de seu fiel escudeiro, o macaquinho Sr. Nilson. Píppi, Aninha e Tom são os melhores amigos, sempre caçando algo pra fazer, até que chegamos a este livro.

Um senhor distinto chega à cidade, cujos atrativos são apenas o túmulo Viking, o museu de arte popular... e a Vila Vilekula. E o tal homem se interessa, de repente, pela casa de Píppi, que, totalmente alheia, está pulando amarelinha. Até que eles empreendem uma conversa que, claramente, foi vencida por Píppi, que, aliás, é muito forte, tanto que jogou o senhor distinto para fora de sua propriedade - velha e mal cuidada, inclusive.
Os mares do sul, propriamente ditos, só vão aparecer quando Píppi recebe uma carta de seu pai, o capitão Efraim Meialonga, convidando-a para ir à ilha onde ele era rei, no Sul. A ilha em questão chama Currecurredutina. Tom e Aninha, a princípio, ficam muito tristes, mas quando ela avisa que os amiguinhos vão também, eles ficam eufóricos. E nessa ilha cheia de mistérios e de uma população exata de 126 habitantes, Píppi Meialonga e seus amigos aprontam altas aventuras.

Meu interesse por Píppi Meialonga surgiu enquanto lia a biografia de Stieg Larsson. Sim, ele tem uma biografia, publicada aqui pela Companhia das Letras. E o biógrafo do pai da trilogia Millennium conta que algumas características de Píppi foram importantes para a criação de Lisbeth Salander. Aliás, Lisbeth surgiu quando Stieg pensou em como seria Píppi Meialonga na idade adulta. Inclusive, nos livros Millennium é possível ver várias referências do mundo de Lindgren no mundo de Larsson, como, por exemplo, o fato de que Lisbeth odeia ser chamada de Píppi Meialonga...
Então, procurando conhecer quem é essa menina de tranças ruivas espetadas e sardas no rosto que sempre tem uma resposta na ponta da língua e não frequenta a escola, comecei a procurar os livros dela. E até o momento, dos cinco livros da Píppi que o selo Cia. das Letrinhas publicou no país (a editora publicou oito obras de Astrid no total), consegui dois. E sim, são livros voltados para as crianças, principalmente àquelas que acabaram de se alfabetizar. Mas a mensagem que Astrid mostra deve ser lida por todos, por isso que, de vez em quando, vale a pena mergulhar - ou navegar - pelos mares da literatura infantil, até porque a criança que existe em cada um de nós continua viva, só está escondida em uma grossa camada de realidade...

P.S.: pra quem reclama dos nomes esquisitos que alguns personagens literários têm, não é possível que vocês reclamem também do fato de que os amigos de Píppi se chamem Tom e Aninha. Originalmente, eles são Tommy e Annika.

P.S.: música do seriado de TV de Píppi, exibido nos anos 60. A voz é da própria Astrid Lindgren, segundo pesquisas.



Olá!

Antes de qualquer coisa, peço que leiam com atenção e carinho este post. Originalmente, era outro texto que estava aqui, mas devido a uma bruxaria do blogger, que foge à minha compreensão, perdi tudo. O tema era esse mesmo, mas estava bem mais escrito, já que eu tinha feito a resenha assim que terminei de ler. Nada do texto original foi recuperado e o post pode não ficar tão bom quanto estava. Mas não desista de mim e confira a resenha do segundo livro da série Millennium, A Menina que Brincava com Fogo.
Amo tanto essa trilogia, que ela é protegida pelos meus Minions guardas!
Skoob | Submarino | Americanas | Série Millennium

Resenhas Anteriores: Os Homens que Não Amavam as Mulheres - Livro | Filme

Dando sequência à doutrinação segundo "a palavra de Larsson", neste segundo volume, a Millennium está às voltas com sua nova edição e, para isso, ele contará com dois colaboradores: o jornalista Dag Svensson e sua namorada, Mia Bergman, doutoranda em criminologia. O tema da revista será o "comércio do sexo", que é um nome mais bonito para tráfico e exploração sexual de mulheres. Muitos nomes fortes da Suécia estão envolvidos, ou seja, uma edição que pode abalar as estruturas de poder no reino - lembrando que a Suécia é uma monarquia.

Por outro lado, Lisbeth Salander está gastando sua grana em uma viagem pelo mundo. Conheceu pessoas boas e ruins, estudou matemática (socorro) e sumiu da vista de todos. Colocou silicone nos seios e tirou algumas tatuagens e piercings (incluindo um íntimo, segundo o autor). Quando voltou, seu rosto estava estampado em todos os jornais da Suécia. 

Isso porque Dag e Mia foram assassinados. Além deles, Nils Bjurman também morreu e Lisbeth é a principal suspeita. Seu histórico também não ajuda: foi declarada perturbada mentalmente, fazendo com que ela se tornasse a inimiga número 1 do país. A favor dela, só mesmo Mikael Blomkvist, que sabe que ela é inocente, mas sabe também que seu conceito de ética é diferente do considerado "correto".

Além disso, Lisbeth recebe a notícia de que seu ex-tutor, Holgen Palmgren, está vivo mas debilitado em uma casa de saúde. Mas, o inimigo é maior. Zala. Ele é a chave da história. Seu passado está diretamente ligado à história de Lisbeth. Muito sobre Lisbeth é revelado - muito mesmo - e o ponto de partida é quando ela tinha 12 anos e o que ela chama de Todo O Mal aconteceu.

Posso ter perdido a resenha original, mas ainda me lembro de algumas coisas, como, por exemplo, o fato de que, neste livro, Mikael e Lisbeth só vão se encontrar uma vez, quando ela será salva do "gigante loiro", um cara alto e de dar medo. Outra coisa - essa eu não esqueço, rs - é que essa história é apaixonante! Do começo ao fim, o livro possui várias críticas à sociedade sueca, mas que, se trocarmos uma ou duas palavras, serve direitinho à nossa sociedade.

Por exemplo, em uma passagem do livro, Erika Berger pensa em seu relacionamento com Mikael. É um spoiler, mas lá vai: ela é casada com um artista plástico, mas possui uma sólida relação com Micke há uns vinte anos. E fica chateada quando "amigos" e "colegas" falam dela - pelas costas - sendo que o próprio marido sabe do relacionamento e ok, ele aprova. 
Fiel ao amante? Um belo paradoxo por parte de Stieg Larsson, rs.
Para quem não sabe, Stieg Larsson era anti-machista, antirrascista e um crítico fervoroso da extrema direita - aqui no Brasil, hoje, ele seria chamado de "mortadela", o que é triste. Aliás, é triste você ser taxado de qualquer coisa relacionado à política. Então, ele usa o livro para criticar o fato de que, como Micke é homem, ele pode "passar o rodo", mas Erika é mulher, então ela tem que ser fiel, porque se tem mais um homem é "vadia". Tem outro spoiler, mais legal ainda, mas não vou dar não, rs.

À distância, através do computador de Blomkvist, Lisbeth vai juntando documentos para provar sua inocência. Ela, sempre lançando mão de sua inteligência, precisará de muito mais frieza para não sair por aí matando todos os homens que fizeram mal para ela, inclusive um certo Peter Teleborian, que faz muita questão de mantê-la num hospício pelo resto da vida.

Se o assunto é Millennium, não esperem imparcialidade de minha parte. Eu amo esta trilogia e irei protegê-la. Mas, as 611 páginas do volume não assustam, pelo contrário, apesar da repetição de nomes que o autor coloca ao longo do texto, você devora cada página com o coração na mão. O que aconteceu a Lisbeth? Ela é perturbada mesmo? E Mikael, o que fará para ajudá-la? E aí, quando vê, o livro acaba numa parte crucial, em que você perde até o sentido da vida. Por quê??
Essa foto foi o que me fez perder o post original. Por favor, apreciem-na, sou péssima fotógrafa, mas essa ficou demais!
Uma equipe policial está atrás de Lisbeth, mas eles mesmos não se convencem da culpa dela. Muitas coisas não se encaixam. E, mais uma vez, uma crítica de Larsson está nas entrelinhas. O Estado. O Estado sueco falhou com Salander. Ela pediu ajuda a um monte de gente quando Zala a prejudicou. De nada adiantou. Para encobrir um cidadão, acabaram com a vida de uma menina. O Estado sueco falha. O Estado brasileiro falha. O que aconteceu com ela, infelizmente, pode acontecer com qualquer uma de nós.

Eu já vi os três filmes - sem palavras, mas vai ter resenha - e vou demorar a ler os volumes restantes, mas não posso deixar de recomendar uma trama tão apaixonante. Falando em tramas, a Suécia é terreno fértil para quem escreve romances policiais/thrillers/suspenses. Podemos classificar em três grupos: o primeiro, com os precursores do gênero naquele país, com autores como Maj Sjöwall e Per Wahlöö, nos anos 70. Depois vieram os best-sellers internacionais, como Lars Kepler (dois de seus livros foram publicados pela Intrínseca), Camilla Läckberg (publicada pela Planeta de Livros), Henning Mankell (morto em 2015) e Liza Marklund (o Brasil precisa conhecer essa mulher). Por fim, acima de todos esses, Stieg Larsson. E não porque sou fã, mas porque o que ele escreveu, dificilmente outro/a fará parecido. Tão cedo será superado.

Como eu disse, logo menos terá resenha dos filmes 2 e 3, mas por ora, por favor, vamos conferir essa trama elétrica, sem falar que tem muitas referências da cultura pop tanto sueca. Uma aula de história, de informática, de jornalismo, de ética... Arrisco dizer que esses livros são uma verdadeira faculdade!

P.S.: saiu no G1 que o David Lagercrantz vai escrever mais dois volumes, sendo um a ser lançado este ano. Parte ruim: não é o Larsson. Parte boa: vai ter mais Salander e Blomkvist sim, o que será maravilhoso! O link está aqui.


Olá!

Mais uma dica de filme maravilhoso e de arte aqui no blog!! O Garoto de Ouro é um daqueles filmes que te fazem refletir, ao mesmo tempo em que se diverte. Sem falar que, de tão bom, nem parece que é derivado de um livro. Espero que gostem da resenha d'O Garoto de Ouro.

Ano: 2014
Título OriginalPojken med guldbyxorna
Elenco: Lukas Holgersson, Shanti Roney, Olle Krantz, Nina Sand, Jimmy Lindström.
Duração: 1h39m

O Garoto de Ouro conta a história de Mats Nilsson (Lukas Holgersson), que após ser largado na casa do pai, acontece algo incrível: um dia, encontra um par de calças na rua. Ele acaba vestindo, pois as suas estão sujas. E cada vez que ele colocava a mão no bolso, saía dinheiro. Ele escondeu isso de seu pai, o jornalista Torken Nilsson (Shanti Roney). Só quem sabia era seu melhor amigo David (Olle Krantz), e Livli (Nina Sand), uma garota que ele conheceu no cemitério onde fazia bico.

Outra pessoa que ele vai conhecer nessa história é o Zeke (Jimmy Lindström), um morador de rua. Eles se conhecem de um modo esquisito: Mats, de bicicleta, quase atropela Batman, o cãozinho de Zeke.
Mas é claro que a calça tem dono. E o dono não é a pessoa mais honesta da Suécia. E a aventura de Mats, David e Livli só começa...

Bom, mais um filme maravilhoso que espero que esteja disponível na Netflix (vi no trabalho). Esse filme é baseado no livro "Pojken med guldbyxorna" (O menino das calças de ouro, em sueco), escrito por Max Lundgren (1937-2005). Até aí, só mais um filme derivado de livro. Mas, no intervalo da primeira publicação do livro, em 1967, até esse filme, houve uma série de TV, de 1975. 
Livli!
Sim, é claramente um livro infantil. Mas a mensagem que ele transmite é tão legal que vale a pena toda a família assistir. Ultimamente, ando consumindo muitas coisas made in Sweden, em sua maioria clássicos, como a trilogia Millennium, do jornalista mito Stieg Larsson (1954-2004), ABBA e Roxette, há algum tempo vi o filme "Minha Vida de Cachorro" (tem na Netflix), que também é derivado de um livro... E é uma pena que a Suécia fique tão longe daqui, porque eles têm coisas incríveis a mostrar quando o assunto é cultura.

Voltando ao filme, Mats é só mais um garoto entre tantos, mas, depois de passar por uma situação de bullying, precisa trocar de roupa. Ele e seu amigo David resolvem procurar algo para vestir no meio de um monte de roupas que estavam destinadas à doação. Mats encontra a tal calça e resolve vesti-la. E, ao colocar a mão em um dos bolsos, sai dinheiro. E, enquanto os garotos tiravam as notas, os bancos suecos sofriam grandes perdas.
Aleatório: suspirando pelo Torkel...
Torken, o pai de Mats, não era o melhor dos pais. Logo no início do filme, a mãe larga o menino na porta do pai, como se fosse um saco. Susanne, a mãe, simplesmente se cansou da criança e a deixou aos cuidados do pai. As calças, por incrível que pareça, unirão pai e filho. Enquanto isso, Torken vai pesquisando sobre um certo William Otto, que enriqueceu da noite pro dia após a morte do irmão...

Mas o garoto é de ouro não por ter encontrado a peça e, teoricamente, ter ficado rico. E sim o destino que ele deu a grana que ia tirando. Primeiro, comprou um monte de brinquedos. Até aí tudo bem, inclusive, eu também compraria. Depois, ele e seus amigos David e Livli - que apareceu na história pedindo uma mala de dinheiro - começaram a doar a grana para várias instituições ao redor do mundo. O que mostra como as crianças ainda têm bondade no coração.

Sobre o elenco e fotografia: mais que aprovados! As paisagens suecas são maravilhosas, os atores interpretaram muito bem seus papeis e a curiosidade é que um dos policiais que aparece no filme foi o Mats da série de TV lá de 1975; achei bacana. Ou seja, O Menino de Ouro é aquele filme - de arte - que você pode ver no fim de semana acompanhado da família, porque é super legal!!

E pra encerrar, deixo o trailer legendado, pra vocês terem ideia do que esperar do filme. Espero que tenham gostado e, se puderem deixar outras dicas de filmes do gênero, usem o espaço dos comentários!!




Olá!

O filme de hoje é baseado em uma trilogia relativamente recente, mas, que já é um clássico por vários motivos. Espero que gostem e assistam Os Homens que Não Amavam as Mulheres, filme baseado no livro de mesmo nome, o primeiro da trilogia Millenium, do jornalista sueco Stieg Larsson. E tem na Netflix!

Título Original: Män Som Hatar Kvinnor
Elenco: Michael Nyqvist (Mikael Blomkvist), Noomi Rapace (Lisbeth Salander), Ewa Fröling (Harriet Vanger), Sven-Bertil Taube (Henrik Vanger) e grande elenco - de nomes esquisitos de escrever e quase impossíveis de se pronunciar.
Ano: 2009
Duração: 2h30m

“Os Homens que não Amavam as Mulheres” começa com o jornalista Mikael “Kalle” Blomkvist sendo julgado pelo crime de difamação contra o empresário Hans-Erik Wennerström. Mikael denunciou uma série de crimes como lavagem de dinheiro, porém, o empresário consegue provar sua inocência. Agora, Mikael tem poucos meses para recorrer da sentença.

Nesse meio tempo, o milionário Henrik Vanger solicita a uma empresa de segurança para investigar o jornalista. Quem faz a investigação é Lisbeth Salander, uma hacker profissonal. Lisbeth também tem sua história: ela vem de uma família problemática e, apesar de ser maior de idade, vive sob a custódia do governo*. Seu tutor acaba sofrendo um infarto e ela logo será assistida por outro homem, que quer controlar sua vida.

* Não entendi muito bem essa parte, mas acredito que jovens com histórico de agressividade/violência na adolescência ainda ficam sob os cuidados do governo sueco mesmo depois de adultos. Achei interessante.

Enquanto Henrik Vanger procura Kalle Blomkvist, Lisbeth sofre nas mãos do novo tutor: o cara é um verdadeiro sádico que, para que a jovem possa ter acesso aos seus ganhos – o tutor controla boa parte – e não volte à clínica psiquiátrica, ele abusa sexualmente dela.

Henrik quer saber quem matou sua sobrinha, Harriet Vanger. A jovem desapareceu em 1969, logo depois de uma ponte que liga a cidade de Hedestad à ilha de Hebedy ter sido interditada. Toda a família Vanger é suspeita: dois irmãos e dois sobrinhos de Henrik.

Até então, Lisbeth e Mikael não se conhecem, mas, a investigação do jornalista e os conhecimentos de internet de Lisbeth unirão esses dois em busca de uma verdade que, apesar do tempo, não ficou esquecida.

Que filme! Eu não tive (ainda) o prazer de ler a série - são três livros escritos por Stieg e mais um escrito por outro autor, mas depois falarei com detalhes. Esse filme é sueco, então, a chance de ser bem fiel ao livro é alta. Basicamente, adoro livros e filmes com jornalistas em papel de destaque, então, não poderia não me simpatizar com Mikael "Kalle" Blomkvist (sem falar que o ator é um gato). Mas, aqui não temos apenas um jornalista que foi prejudicado pelo seu trabalho, temos Lisbeth, uma jovem que aparenta ser forte, mas na verdade, sofre muito, por causa de seu passado e de seu presente.

Os livros/filmes não são só para assistir, são para refletir também. Além de Lisbeth, Harriet e outras moças ao longo deste volume sofreram abusos. Sério, depois de assistir, fui correndo pesquisar sobre ele e ver o preço dos livros - aceito de presente - porque a obra me impactou bastante.

Lá no começo do post eu disse que a trilogia Millenium é considerado um clássico, mesmo sendo um livro relativamente recente. Segundo eu pesquisei, o autor dos livros, o jornalista Stieg Larsson, entregou os manuscritos antes de morrer, em 2004. Os livros retratam vários assuntos, que fizeram o povo sueco refletir. Ou seja, a obra impactou. Mas o coitado do autor morreu sem ver seus livros cruzando as fronteiras da Escandinávia.

Stieg Larsson morreu de ataque cardíaco em 2004, depois de ter entregue os originais dos livros. Como se não bastasse, depois de sua morte, ainda houve briga envolvendo seus parentes. Tudo porque um quarto volume da obra foi escrito sem a permissão da viúva de Larsson. E sabem por que o livro foi escrito mesmo assim? Como Larsson não era legalmente casado, David Lagercrantz ignorou os manuscritos que ele deixou com a viúva e tomou as rédeas da série. Ou seja, a viúva Larsson não poderia não dar sequência à série porque era amasiada... Juro que não entendo a Justiça Sueca. Esse volume, A Garota na Teia de Aranha, foi lançado em agosto de 2015.

O autor teve a ideia de escrever a trilogia porque, aos 15 anos, testemunhou uma jovem - de nome Lisbeth - ser vítima de um estupro coletivo. Ele carregou a amargura de ter se omitido diante de um crime tão grave por toda a sua vida, por isso escreveu os livros. E dedicou a ela.

Por um lado, a história é linda, mas eu fiquei pensando: por que será que ele deixou a menina ser violentada? Será que ele poderia ter feito algo pra ajudar? Enfim, ele transformou essa situação bárbara em uma série onde a heroína é uma jovem que tem uma vida relativamente turbulenta, mas é muito inteligente e consegue se livrar - e livrar outras pessoas - de enrascadas graves.

Seja o livro ou o filme - o sueco, não o americano, por favor - vale a pena conhecer a trilogia Millenium. Stieg Larsson deixou mais que uma história, deixou uma mensagem, um recado. Cabe a cada leitor interpretá-la. Então, apenas assistam e se deixem levar por esses personagens tão marcantes - e pela paisagem também, a Suécia é linda demais!

PS: os livros de Stieg Larsson são tão clássicos que, um a cada quatro suecos leu pelo menos um exemplar da série. E isso é muito, partindo da premissa de que a população sueca é de pouco mais de 9,5 milhões de pessoas, para se ter ideia da grandiosidade e até onde chegou a história de Lisbeth e Mikael, é como se quase toda a cidade de São Paulo (11 milhões) tivesse lido. A Suécia inteira cabe em SP! <3

E como não podia deixar de ser, encerro com o trailer oficial do filme. A parte ruim é que está dublado, mas na Netflix tem legendado, então não percam tempo! E é bom que dá pra aprender sueco, rs.




Olá!

Mais uma sexta, dia mais que adequado para eu trazer para vocês uma banda que não para de tocar no meu celular. Acho que, de todos os posts de música que fiz aqui no blog - Laura, Céline, Carla Bruni e Gianna Nannini - eles são a primeira banda que falo, e acho, apenas acho, que eles são bem famosos. Eles são suecos e legais - não, não é ABBA (ABBA é legal, mas só gosto de The Winner Takes it All), o post musical de hoje é dedicado a Roxette, uma das bandas suecas mais bem sucedidas, famosas, e legais de todos os tempos. A próposito, a coluna de música agora se chamará "No Celular Toca".




A banda Roxette é formada por Marie Friedriksson (Ossojo, 30/05/1958) e Per Gessle (Halmstad, 12/01/1959). Antes de Roxette ser concebida, Per era integrante da banda Gyllette Tyler, muito conhecida nos idos da década de 1980. Enquanto que Marie peregrinava entre as bandas Strul e Mamas Barn, não tão famosas. Até 1986, Marie fazia alguns feats em álbuns do Gyllette Tyler, enquanto Per cantava e compunha tanto em sueco como em inglês. Cada um ganhou um prêmio musical nesse meio tempo. A banda se juntou só em 1986, em Halmstad, para a gravação do primeiro álbum Pearls of Passion, ganhando as rádios da Suécia. Até então, eles ficaram muito famosos só na Suécia e em alguns poucos países europeus, como Espanha e Alemanha.

O terceiro álbum, Look Sharp!, saiu em 1988 e foi por acaso que a banda ficou mundialmente famosa. Um (abençoado) estudante americano, de férias na Suécia, escutou numa rádio a música The Look e ficou fascinado. Comprou o CD e levou para os EUA. Implorou para uma rádio de sua cidade para tocar o CD e, aproveitando que o radialista gostou, o CD foi copiado e distribuído para outras estações. Como todos sabem, a banda só faz sucesso mundial quando bomba nos EUA. E foi isso que aconteceu com Roxette.

Aproveitando a onda de sucesso, It Must Have Been Love foi parar no filme Uma Linda Mulher. A música foi composta em 1987 e, como a banda não teve tempo de compor uma especialmente para o filme, foi essa mesmo. A banda explodiu e Marie e Per continuaram ganhando prêmios musicais na Suécia. 

Anotação mental: lembrar de ver Uma Linda Mulher

Depois de explodirem nos anos de 80 e 90, a banda caiu no ostracismo. Eles tentaram voltar ao sucesso de outrora lançando compilações e álbuns solo, mas o retorno não foi o mesmo. Para piorar, em 2002, Marie foi diagnosticada com um tumor cerebral, retirado no mesmo ano. Eles deram um pause, seguiram com carreiras solo e só em 2009, ensaiaram uma volta. Seu álbum mais recente, XXX - The Biggest 30 Hits, saiu no início de 2014.

Eu conheci a banda por acidente. Alguém aqui na minha rua tinha (ou deve ter, sei lá) um CD da extinta dupla sertaneja Cleiton e Camargo. E essa dupla regravou em português Spending My Time, que, na minha opinião, é um hino. A música se chama "Na Hora de Amar" e não vou colocar link aqui por motivos de: vergonha alheia. Pois bem, outro alguém na minha rua tinha (e ainda tem) um CD do Roxette que tem essa música. Só juntei os pontos. Joguei na internet a versão sertaneja e vendo um vídeo, alguém nos comentários disse que a música era regravação. Pronto, era tudo que eu precisava.

O legal das músicas deles são, primeiro, a idade - só música antiga - depois, a letra, o ritmo e a mensagem que transmitem. Pra mim, uma música boa tem que ter pelo menos três dos quatro requisitos. Eles juntam tudo isso em letras maravilhosas. Melhor do que isso, só mesmo cantar em espanhol. Sim, eles pegaram seus maiores sucessos e compilaram em um CD todo cantado em espanhol, no ano de 1996. Ficou maravilhoso. Eu realmente sou contra regravações em outros idiomas, exceto, se elas são feitas pelo dono da música - se não fosse assim, jamais ouviria Laura Pausini cantando em espanhol... Eles ainda afirmaram em seu site: 

"Melhores baladas do Roxette, em espanhol. Fizeram muito bem, considerando que nem Per nem Marie falam espanhol. Eles imaginaram se o ABBA conseguiu, eles poderiam, de modo que eles puderam."

Ou seja, se o ABBA conseguiu (em 1993), por que eles não conseguiriam?  A banda já esteve diversas vezes no Brasil, sendo a última em 2012. Há alguns meses, o facebook da banda colocou um vídeo da participação deles no extinto Programa Livre, do Serginho Groisman, com a seguinte legenda: "Uma possível viagem ao Brasil ano que vem?" Tomara que sim, quero ir vê-los!

Eles são bem ativos nas redes sociais. Há alguns meses, eu comprei o CD+DVD que eles gravaram no Chile em 2012 e postei no insta e qual foi minha felicidade quando... eles curtiram! Agora, vamos às rapidinhas:

- O Roxette tem esse nome porque Marie e Per curtiam uma banda, cujo nome da vocalista era... Roxette.

- O jornal britânico The Sun fez uma lista com as 50 cantoras que jamais serão esquecidas na história da música. Marie apareceu em 16º. A lista foi feita em 2008.

- Em 2005, Per recebeu da BMI, em Londres um prêmio pelas 4 milhões de vezes que It Must Have Been Love tocou nas rádios de todo o mundo até aquela data.

- No último dia 7 de outubro, Marie lançou sua biografia, escrita pela jornalista sueca Helena von Zweigbergk. Ela conta detalhes de sua vitória contra o tumor. Desde já aguardo tradução.

Falei demais, mas agora vem a melhor parte: música! Vou deixar as quatro melhores (o que é bem difícil, mas se eu colocar muitas, fica cansativo). Espero que gostem e as redes sociais da banda estão lá no início do post!!!

Spending My Time



Tímida (versão em espanhol de "Vulnerable")


It Must Have Been Love



Listen to Your Heart




Olá!

O resenhado de hoje é um suspense de, tirar o fôlego - literalmente! Estou falando do livro O Hipnotista.



Esse livro começa com uma família sendo assassinada. Bem, quase toda. Anders Ek, o pai, foi morto em uma quadra de futebol. Katja, a mãe e Lisa, a filha mais nova foram mortas em casa. Todos mortos com requintes de crueldade. O único sobrevivente é Josef, o filho do meio.

O responsável pela investigação sobre as mortes é o policial Jonna Linna, um detetive conhecido pela sua obstinação em resolver crimes que a maioria dos detetives não conseguiria.

Josef foi gravemente ferido, mas sobreviveu. A médica responsável por Josef é a Daniella Richards. Jonna quer que o menino deponha, porém ele não tem condições de falar. A dra. Daniella sugere chamar o psiquiatra Erik Maria Bark, um especialista em tratamento de pacientes que sofreram fortes traumas, como tortura ou estupro. Bark costumava usar a hipnose para fazer com que seus pacientes se lembrassem de seus episódios violentos.

Jonna Linna pede para que Bark hipnotize o menino para que ele revele quem havia atacado a familia. O psiquiatra reluta, mas aceita hipnotizar Josef. O menino, sob hipnose, fala demais. E é aí que a vida até então tranquila de Bark tem uma reviravolta. O hipnotista tinha prometido a si mesmo que não faria mais hipnoses. Mas, ao quebrar sua promessa, ele desencadeou uma série de situações, que acabaria por envolver até mesmo seu filho, Benjamin Bark.

Enquanto isso, Jonna Linna precisa encontrar Evelyn Ek, a filha mais velha e a única que não foi vítima do assassino brutal. Mas, a resposta para esses crimes vêm de onde menos se espera... A história se passa em Estocolmo, capital da Suécia - o que ajuda a explicar os nomes esquisitos dos personagens. Esquisitos pra nós, claro.

Esse livro é o mais eletrizante que li desde... Sempre! Ele te prender do começo ao fim. Cada vez que Bark e Jonna Linna descobrem algo, uma nova história surge. É como se fosse vários quebra cabeças diferentes que, quando montados, acabam se unindo, formando um quebra cabeças único e onipresente.

As lembranças de um passado recente de Erik Maria Bark o machucam; fazem ele sentir dores de cabeca insuportáveis, ele toma remédios pesados para manter a saúde razoável. Sua esposa, Simone, é dona de uma galeria de arte. Ela também está envolvida nessas lembranças sombrias do hipnotista.

Eu poderia ficar aqui falando e falando da história, mas não dá. É preciso que o leitor leia e se envolva na trama. É verdade que o livro é um tanto grosso - 477 páginas - mas, como os capítulos são curtos - entre duas e três folhas - você nem percebe que já leu vinte ou trinta capítulos - de um total de 110 - em uma única tarde, rs.

A edição da Editora Intrínseca - traduzida da edição britânica, até porque não é muito comum encontrar pessoas que falem sueco... fora da Suécia, ainda mais aqui no Brasil. A fonte e confortável, páginas amareladas e revisão impecável. A capa também é muito bonita, mas você precisa ler até o final pra entender a tesoura.

Na verdade, temos várias historias em uma só, todas elas interligadas pela hipnose. E sempre que suspeitamos de alguém, aparece um novo detalhe que muda totalmente o rumo da trama. Então, posso afirmar que esse livro é um thriller imprevisível. Sadicamente imprevisível! Sádico no bom sentido, claro.

Pra quem gosta de ver os filmes derivados de livros, saiba que O Hipnotista foi parar nos cinemas. Eu ia ver o filme, mas por questões do momento, não consegui. O filme é em sueco mesmo e até onde pude ver - vi pouca coisa, só até onde Anders Ek foi assassinado - parecia ser bom.



E a curiosidade fica por conta do autor: Lars Kepler não existe!

É o pseudônimo do casal Alexandra Coelho Ahndoril e Alexander Ahndoril. Ambos são suecos, mas Alexandra tem mãe portuguesa. O casal também escreveu O Pesadelo, outro thriller protagonizado por Jonna Linna e publicado no Brasil pela Intrínseca. Eles também escrevem livros separados, usando seus nomes de batismo.