Olá!




Vamos de filme clássico? Vamos, até porque ainda não consegui ler o livro - e o farei, inclusive na língua materna, rs. Apesar de ter saído da Netflix há um tempinho, acho que vale a pena falar dele, ainda mais por se tratar da versão cinematográfica da masterpiece de Isabel Allende, A Casa dos Espíritos.

Título Original: The House of the Spirits
Elenco: Meryl Streep, Glenn Close, Winona Ryder, Jeremy Irons, Antonio Banderas
Duração: 2h 26m
Ano: 1993

A Casa dos Espíritos começa com o jovem Esteban Trueba (Jeremy Irons) pedindo a também jovem Rosa em casamento. Rosa era filha de uma família de políticos e, Esteban, um jovem humilde. Para casar-se, ele precisaria trabalhar bastante nas minas de ouro, o que fez com afinco. Ele só não contava que Rosa morreria envenenada. Então ele voltou a trabalhar com mais afinco ainda, tornando-se um homem muito rico ao passar dos anos.

O tempo passou e Esteban acabou se casando com Clara (Meryl Streep), a irmã menor de Rosa. Quando Esteban estava noivo de Rosa, Clara era apenas uma menina, mas já sabia que se casaria com ele. Esteban tinha uma irmã, Férula (Glenn Close), que passou a vida toda cuidando da mãe e viu na família do irmão a sua própria família, aquela que não pôde ter.

Mais uns anos passaram e nasceu Blanca, a filha do casal. E Esteban se tornara um homem intransigente, explorando seus trabalhadores, que já começaram a se rebelar. Blanca tinha um amiguinho, Pedro, iam a escola juntos e brincavam nus no riacho, para desespero do pai, que ao ver a cena, mandou a menina para um colégio interno, pois achava inadmissível sua filha brincar com um “índio”.

Aí passou mais algum tempo e Blanca (Winona Ryder) voltou da escola como uma bela jovem. Ela se relacionava às escondidas com Pedro (Antonio Banderas), que cresceu e virou líder revolucionário, num país que fervilhava mudanças. Todos esses personagens enveredaram-se numa incrível história, em que (apesar de o filme ser americano) o plano de fundo é um país que, achando que seria fácil se livrar dos revolucionários, acabou por cair nas garras da ditadura - estamos falando do Chile.
Quantos likes essas duas merecem?
Infelizmente o filme já saiu do catálogo da Netflix, inclusive eu sequer sabia que ele estava disponível, foi por causa de um post na internet que dizia quais produções sairiam da plataforma que corri para assistir. Todo mundo sabe que Isabel Allende é minha autora favorita, mas ainda não tive a oportunidade de ler A Casa dos Espíritos, que é considerada sua obra prima, pois foi este título que a alçou ao sucesso.

Sendo parente de quem é (Salvador Allende era primo de seu pai), Isabel soube explicar com muita propriedade o que acontece numa ditadura, e o filme, apesar de ser americano, como já disse, mostrou bem como os militares no poder nunca serão a solução, assim como nem a esquerda nem a direita pensam no coletivo mas em si próprio – nada que não esteja acontecendo hoje, não é mesmo?

Com um elenco estrelado e parte das cenas gravadas em Portugal, A Casa dos Espíritos retrata bem o Chile de outrora, com uma Clara que realmente vê espíritos, um Esteban que vai se moldando conforme vai ficando rico – lembrando que ele não é o vilão, mas faz diversas ações, algumas abomináveis, que têm como justificativa o meio em que vive – , o amor praticamente impossível de Blanca e Pedro e um certo conde Saligny, uma pessoa bem suspeita.

A respeito das atuações, nada que não me surpreendesse, pois conta com um elenco de peso: Meryl Streep e Glenn Close – que até hoje às confundo, pois acho as duas muito parecidas – e nem preciso dizer como foram incríveis em suas atuações; Jeremy Irons encarnou Esteban com tanta fidelidade que eu queria entrar no filme e socá-lo; Antônio Banderas e Winona Ryder estavam bem novinhos e ainda não causavam tanta polêmica. Enfim, atuações brilhantes, que me pregaram no filme do começo ao fim, apesar de que, em alguns momentos, quase desistindo de ver, pois a história ficou meio modorrenta.

No mais, é uma linda história, que ascendeu Isabel Allende ao panteão dos grandes autores, ainda mais porque sua versão cinematográfica contou com um elenco de peso, que ajudou a contar não só a história dos Trueba, mas a do Chile e a da própria autora. Agora é uma questão de honra ler o livro – em espanhol, de preferência.